Domingo, 05 Julho 2020 23:39
ENCONTRO ESTADUAL DA CAIXA

Neste ano, objetivo é virar o jogo e lutar pela manutenção dos direitos

Carolina Gagliano, técnica do Dieese, avalia que a defesa dos direitos será a tônica da Campanha Nacional dos Bancários deste ano Carolina Gagliano, técnica do Dieese, avalia que a defesa dos direitos será a tônica da Campanha Nacional dos Bancários deste ano Nando Neves/SeebRio

O corte de direitos dos trabalhadores e a redução de investimentos públicos na economia são parte fundamental da política do governo Bolsonaro que deve usar a crise da pandemia do novo coronavírus para aprofundá-la. Por isto, é importante a unidade dos bancários nesta campanha e das demais categorias, de modo a virar o jogo, resistir aos ataques do governo e dos bancos e ter na manutenção dos direitos, o norte principal da campanha nacional da categoria este ano. A avaliação foi feita por Carolina Gagliano, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e empregado da Caixa Econômica Federal (CEF), José Ferreira, no debate sobre o tema “Direitos”, na terceira mesa do 22° Encontro Estadual dos Empregados da CEF, neste domingo (5/7).

Covid-19 e a crise

Carolina frisou que a recessão vai ser mais intensa em países que afrouxaram as regras do isolamento social como Brasil e Estados Unidos, do que no restante do mundo. Isso levará ao aumento da quebradeira de empresas, do desemprego que, no caso do Brasil, somados a uma política econômica contracionista terá forte impacto nas campanhas salariais.

A inflação continuará baixa, devido à redução da atividade econômica e a taxa de desocupação alta. “Os levantamentos mostram que menos da metade das campanhas salariais fecharam acordo com aumento real, mesmo assim de forma muito residual, quase como um arredondamento do índice”, adiantou Carolina.

Disse que nas estatais têm se repetido a orientação do governo Bolsonaro e do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, de reajuste zero e retirada de direitos. “Esta norma vem sendo aplicada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) em todo o setor público, Eletrobrás, Petrobras, Correios, Serpro. E é o que deve ser tentado também nos bancos oficiais, como a Caixa”, previu.

Segundo disse, a retirada de direitos pode vir através de mudanças no Saúde Caixa, ou na tentativa de retirada de outros direitos importantes. “Por isto mesmo tem que haver resistência e, no caso da Caixa, deve ser mostrada a importância da empresa e de seus empregados na luta pela manutenção da renda da população e em apoio à economia contra os efeitos da pandemia do novo coronavírus, não admitindo por isto mesmo, a retirada de direitos e o sucateamento da estatal ou mesmo planos de privatização”, defendeu.

José Ferreira concordou que este é um momento de resistência. “Resistência pela manutenção de direitos e, para isto, é importante a unidade das várias entidades sindicais e das categorias por elas representadas. É com a mobilização que vamos lutar, no caso da nossa categoria, para manter os direitos contidos na nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e, na Caixa, do nosso acordo específico”, afirmou o dirigente.

Um destes direitos ameaçados é a jornada de trabalho de seis horas que os bancos e o governo já tentaram reiteradas vezes acabar. Outra ameaça é a redução ainda maior do número de empregados na CEF. “Já aprovaram, inclusive, um novo PDV. Portanto, temos que defender, na campanha, novas contratações, através de novos concursos ou dos já feitos e não convocados”, afirmou.

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