Quinta, 30 Outubro 2025 18:34

Bancários da Caixa comemoram 40 anos da conquista das seis horas

Movimento dos empregados da Caixa foi histórico. Movimento dos empregados da Caixa foi histórico.

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Há 40 anos, exatamente no dia 30 de outubro de 1985, com uma poderosa greve nacional, os empregados da Caixa Econômica Federal conquistaram dois feitos de grande importância: até então classificados como economiários, passaram a integrar a categoria bancária e a ter a jornada de trabalho também de seis horas, como os demais empregados dos bancos.

A greve histórica de 24 horas contou com uma adesão de 100%. Para celebrar a conquista, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) promoveu, nesta quinta-feira, um evento em Brasília (DF). A atividade reuniu empregados da ativa e aposentados da Caixa, além de dirigentes associativos e sindicais, em um momento de memória e reconhecimento à luta coletiva que transformou a categoria.

Aprovação da greve – Segundo o ex-diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Paulo Jorge, o Paulão, a aprovação da paralisação foi definida no 1º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa, em Brasília. Hoje integrante da Comissão de Ética do Sindicato, ele participou do movimento e frisou que os empregados do banco nunca tinham feito greve. “Mesmo assim, a paralisação foi tranquila. A adesão foi de 100%”, disse.

Ao passar a serem considerados bancários, os empregados da Caixa garantiram, também, o direito à sindicalização aos sindicatos de bancários, o que ampliou o perfil da categoria na composição do ramo de atividade, assim como o espectro de instituições financeiras estatais nela representados.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, também participou da greve. Recém-contratado no banco, Takemoto conta que, na época em que ingressou na empresa, enfrentava uma realidade muito diferente da dos empregados de outros bancos: além de não serem considerados bancários, os trabalhadores da Caixa tinham uma jornada de oito horas de trabalho, sem direito à negociação coletiva, sem pauta de reivindicações e sem acordo salarial. 

“Enquanto os bancários tinham 6 horas e participavam de negociações, nós ficávamos de fora. Foi dessa indignação que nasceu o movimento. Entendemos que também tínhamos direito: direito à jornada de 6 horas, direito à sindicalização, direito a sermos reconhecidos como trabalhadores e trabalhadoras bancários”, conta o presidente.

Dias antes da paralisação, em 21 de outubro, milhares de empregados da Caixa marcharam em Brasília gritando palavras de ordem, levando faixas e entregaram reivindicações ao Congresso Nacional. O ato pressionou o governo e demonstrou a força política dos economiários, como eram chamados as empregadas e empregados da Caixa. A mobilização ganhou apoio de parlamentares e entidades trabalhistas, e, em tempo recorde, o Congresso aprovou a tramitação, em regime de urgência, do projeto de lei que garantia as 6 horas diárias e o reconhecimento dos empregados da Caixa como bancários.

A conquista histórica – O  resultado veio em dezembro de 1985: a lei foi sancionada em 17 de dezembro e passou a vigorar em 1º de janeiro de 1987, consolidando a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização. A conquista representou não apenas uma vitória trabalhista, mas também um passo importante na redemocratização do país, ao restituir aos empregados da Caixa dignidade, cidadania e voz coletiva.

Mídia