EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Os empregados e empregadas da Caixa Econômica Federal realizaram este ano uma forte mobilização em defesa do reajuste zero no Saúde Caixa. A direção do banco havia apresentado propostas consideradas indecentes, com aumentos de mensalidades que inviabilizariam o plano para a maioria dos bancários da estatal.
A vitória da mobilização
A campanha nacional, organizada pelo Comando Nacional da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e sindicatos, contou com intensa mobilização nas redes sociais e com atividades presenciais em agências e departamentos.
A pressão deu resultado: após seis rodadas de tensas negociações, o banco finalmente recuou de sua postura intransigente e atendeu à principal reivindicação dos trabalhadores — o reajuste zero —, além de manter as atuais regras do plano de saúde até 31 de agosto de 2026, o que traz grande alívio aos bancários da empresa.
Entre os avanços, estão também a manutenção do pacto intergeracional e do mutualismo, bem como a ampliação da cobertura para dependentes indiretos — filhos entre 24 e 27 anos, que poderão permanecer no plano mediante o pagamento de uma mensalidade de R$ 800,00.
Também ficou definida a proibição de retorno ao plano após eventual saída, com um prazo determinado para que quem já havia se desligado possa realizar nova adesão. Haverá ainda carência de três meses para novos contratados utilizarem o Saúde Caixa.
O diretor do Sindicato do Rio de Janeiro, representante da base da Federa-RJ nas negociações e da CEE-Caixa (Comissão Executiva dos Empregados), Rogério Campanate, fez uma avaliação positiva do resultado da mobilização dos bancários.
“Se não fosse a disposição de luta e os protestos dos empregados e das entidades sindicais — cuja repercussão chegou à opinião pública e à sociedade —, não teríamos conquistado o reajuste zero, e o Saúde Caixa estaria inviável. Os bancários e bancárias estão de parabéns pela forte adesão e consciência em relação à importância da mobilização coletiva”, destacou.
“Por isso reafirmamos a importância de todo bancário se associar ao Sindicato e participar das campanhas nacionais da categoria. Só há conquista com participação e unidade”, completou Campanate.
A nova proposta será deliberada em assembleia nacional on-line, com data ainda a ser confirmada.
Histórico das negociações
Na negociação realizada na sexta-feira, 10 de outubro, em São Paulo, a representação dos empregados rejeitou na mesa a proposta da empresa, que previa um valor de R$ 1.000,00 para a ampliação da cobertura de dependentes entre 24 e 27 anos. O texto também previa uma coparticipação de R$ 3.600,00 por pessoa.
Os dirigentes sindicais criticaram com veemência a proposta e o desrespeito da Caixa para com seus empregados e com o movimento sindical.
Já na segunda-feira (6), a CEE-Caixa havia rejeitado outra proposta indecente que gerou indignação na categoria. A Caixa se negava a extinguir o teto de 6,5% da folha salarial destinado ao custeio do plano e também não aceitava o reajuste zero. A empresa sugeria aumento da contribuição dos titulares de 3,5% para 5,5% e reajuste do valor por dependente de R$ 480,00 para R$ 672,00. Além disso, o limite máximo a ser pago pelos empregados passaria de até 7% para até 12% da remuneração base, um aumento médio de 71%. Na avaliação dos sindicatos, isso praticamente inviabilizaria o Saúde Caixa.
Campanha virou o jogo
Na terça-feira (7/10), a Caixa cancelou a mesa de negociação com a representação dos empregados, o que gerou indignação entre os trabalhadores.
Em resposta, o movimento sindical convocou protestos nas redes sociais e nos locais de trabalho a partir da quarta-feira (8).
No Rio de Janeiro, houve mobilização no edifício Passeio Corporate, na Rua das Marrecas, no Centro da cidade.
A luta culminou no Dia Nacional de Mobilização, na quinta-feira (9), com retardamento de agência na Avenida Rio Branco, também no Centro da capital fluminense e atividades similares em todo o país.
Como parte dos protestos, o Comando Nacional anunciou uma campanha de doação de sangue em massa dos empregados e empregadas da Caixa no dia 22 de outubro, reforçando o compromisso social da categoria e em defesa das reivindicações dos bancários. A legislação prevê que o doador tem direito a folgar na data da doação.
Assembleia decidirá
Com os avanços conquistados na nova proposta apresentada na sexta-feira (10) — incluindo o reajuste zero, uma das mais importantes reivindicações dos empregados — a representação dos trabalhadores decidiu submeter o acordo à deliberação em assembleia nacional, com data a ser confirmada.
Resumo da nova proposta
Pauta de Reivindicações Atendidas
• Reajuste zero, permanecendo as regras atuais;
• Respeito ao pacto intergeracional e mutualismo;
• Ampliação do plano de saúde para filhos até 27 anos (R$ 800,00);
• ACT válido até a próxima data-base (31/08/2026).
Outros pontos negociados em 2025
• Serão vertidas ao Saúde Caixa as contribuições, patronal e pessoal, incidentes sobre valores pagos a empegados e ex-empregados, decorrentes de processos judiciais trabalhistas individuais, coletivos e acordo judiciais que tenham como objeto parcelas de natureza salarial. (a partir da assinatura do acordo);
• Não poderá haver retorno ao plano após eventual saída (cancelamento do plano). Para aqueles que já saíram do plano, será concedido um prazo a ser estabelecido a partir da vigência do acordo;
• Carência de 3 meses para novos contratados;
• Elaboração de medidas estruturantes em 2026, com vistas à sustentabilidade do plano. Com retomada já em Novembro das mesas permanentes de negociação com vistas a preparar o debate para o próximo ano