Terça, 23 Setembro 2025 12:58
MESA DE NEGOCIAÇÃO

CEE-Caixa cobra respostas para impasses e respeito aos empregados

Representação sindical defende a manutenção das regras da PLR, solução para caixas e tesoureiros, melhorias no home office, transparência no programa SuperCaixa e o fim do fechamento de agências físicas
Legenda: A CEE-Caixa cobrou solução para os problemas apontados pelos empregados e empregadas da empresa e ressaltaram o papel social da Caixa na crítica ao fechamento de agências físicas. Rogério Campanate (segundo à direita), do Rio, participou da reunião, em Brasília Legenda: A CEE-Caixa cobrou solução para os problemas apontados pelos empregados e empregadas da empresa e ressaltaram o papel social da Caixa na crítica ao fechamento de agências físicas. Rogério Campanate (segundo à direita), do Rio, participou da reunião, em Brasília Foto: Fenae

 

Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Fenae

A Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa) se reuniu, na última sexta-feira (19), em Brasília (DF), com representantes do banco. Na pauta, diversos temas relacionados aos direitos dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal.

O primeiro ponto debatido na mesa de negociação foi o fechamento de agências. A CEE manifestou preocupação com a redução das unidades físicas diante do avanço das plataformas digitais no sistema financeiro. Os dirigentes sindicais lembraram que a Caixa é um banco público e, portanto, deve manter o compromisso com seu papel social junto à população.

A diminuição de agências obriga clientes a longos deslocamentos para realizar operações simples, como saques de benefícios sociais, a exemplo do Bolsa Família. Num país de dimensões continentais e profundas desigualdades, os sindicalistas destacaram que é fundamental preservar e até ampliar o atendimento presencial.

É preciso ouvir os empregados

Rogério Campanate, diretor executivo de Administração do Sindicato dos Bancários do Rio e representante da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), ressaltou que mudanças devem ser negociadas com os trabalhadores para que sejam efetivas. “Se a empresa quer realmente ser ágil e eficiente, precisa mudar também a forma de enxergar e valorizar seus trabalhadores. Precisa ouvir a gente, incluir a gente nas decisões, respeitar as pessoas e garantir condições dignas de trabalho. Sem isso, nenhum sistema ou método novo vai dar certo”, afirmou.

Rafael de Castro, diretor da Contraf-CUT e da Fenae, destacou que a própria empresa reconheceu que precisou reverter o fechamento de algumas agências, o que demonstra desorganização de medidas tomadas sem diálogo. A CEE cobrou transparência e negociação antecipada com as entidades representativas. “Nada se concretiza sem a entrevista presencial, assinaturas e autorizações feitas pelos empregados. A demanda continua concentrada nas unidades e isso precisa ser considerado pela direção do banco. Mais do que evitar o fechamento, é necessário fortalecer a estrutura das agências para garantir um atendimento melhor e mais eficiente”, acrescentou.

Caixas e tesoureiros

Sobre a situação das funções de caixa e tesoureiro, problema histórico da categoria, os representantes da Caixa afirmaram que estão reavaliando o modelo. Reconheceram as dificuldades enfrentadas por esses empregados e se comprometeram a apresentar propostas até o final de outubro, com dados concretos que apontem soluções.

“A Caixa precisa manter o compromisso de garantir a remuneração desses trabalhadores até que uma solução definitiva seja encontrada. O número de pessoas afetadas não é tão alto, e o problema pode ser resolvido com diálogo”, defendeu Tatiana Oliveira, do Sindicato dos Bancários do Pará.

Home office

Em relação às demandas do home office, a CEE apontou falta de clareza nas normas que regulamentam o modelo híbrido, especialmente quanto à prioridade para empregados com deficiência (PCDs). Apesar da previsão legal para esse grupo, a norma interna da Caixa não é explícita, deixando a decisão a critério de gestores, o que gera conflitos e reclamações constantes.

PLR e SuperCaixa

A comissão questionou ainda possíveis mudanças na forma de cálculo da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). O banco negou alterações e afirmou que “a regra foi aplicada exatamente como deveria”. Para dar transparência, o banco comprometeu-se a apresentar, na próxima negociação, todos os cálculos e a metodologia utilizados. 

Outro tema discutido foi o programa SuperCaixa, alvo de inúmeras críticas dos empregados. Segundo os representantes sindicais, o modelo “não é transparente e pode prejudicar a remuneração, especialmente dos bancários da linha de frente”. Embora a Caixa assegure que a metodologia da PLR não mudou, as regras e limites do SuperCaixa tornam praticamente impossível alcançar a remuneração máxima, o que gera frustração e desmotivação. A CEE sugeriu a suspensão temporária do programa para revisão das regras.

 

Compromissos assumidos pelo banco

  • Garantir que todas as agências digitais fiquem “no azul” (com metas ajustadas) até setembro, com possibilidade de correções em caso de distorções;
  • Estabelecer metas proporcionais ao número real de clientes atendidos em cada unidade, recalibrando sempre que necessário;
  • Preservar empregados em reposicionamentos (caixas, tesoureiros e trabalhadores de agências transformadas em digitais ou sem numerário), assegurando funções e remuneração, inclusive com possibilidade de lateralidade (mudança de função no mesmo nível);
  • Manter portas giratórias nas unidades que já contam com o equipamento, realizando retiradas ou instalações apenas após avaliação de segurança;
  • Distribuir novos equipamentos de captura digital/biométrica já adquiridos, garantindo apoio logístico para instalação nas agências.

 

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