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Como forma de tentar amenizar o clima de insatisfação dos empregados a Caixa Econômica Federal anunciou, nesta terça-feira (10/12), pela manhã, a antecipação para este dia 13 de dezembro do pagamento do salário de dezembro e do auxílio cesta alimentação. Entre as principais reclamações do funcionalismo do banco, ainda sem solução à vista, estão a sobrecarga de trabalho, o assédio das metas, o aumento no número de adoecimentos –, provocado sobretudo pelo déficit de pessoal e pela pressão para o cumprimento de metas –, e a demora na conclusão das negociações sobre vários assuntos.

Tanto a antecipação do salário e da cesta, quanto o pagamento do delta, conquista obtida pelos empregados no último dia 2, em negociação no Grupo de Trabalho (GT) sobre Promoção por Mérito, foram anunciados pelo presidente da Caixa, Carlos Vieira. O comunicado foi feito em transmissão ao vivo pela rede interna do banco.

Para Rogério Campanate, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) é difícil não pensar que o anúncio é uma cortina de fumaça para encobrir as inúmeras insatisfações sem resposta da empresa. “A contratação, forma mais óbvia e imediata de aliviar a sobrecarga que vem adoecendo os empregados, segue insuficiente, e a empresa enviou representantes na audiência pública que visava aumentar as contratações e o cadastro de reserva para fazerem acrobacias argumentativas objetivando justificar a irredutibilidade da empresa”, ressaltou o dirigente.

Mesmo com número insuficiente de empregados, o lucro do banco nos nove primeiros meses foi de R$ 9, 433 bilhões. O crescimento foi de 21,6% em relação ao mesmo período de 2023.

Recusa de novas contratações – Uma das principais queixas é a sobrecarga de trabalho cuja solução óbvia é a contratação de novos empregados. A Caixa, no entanto, vem se recusando a aceitar a reivindicação. Em audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (9/12), o representante do banco, Jorge Santana, alegou questões jurídicas que estariam impedindo a ampliação das vagas previstas no edital do concurso deste ano, como um acordo com o Ministério Público do Trabalho, feito em 2014. A ampliação e a convocação de aprovados são vitais para reduzir a sobrecarga.

Na audiência, convocada pela deputada Erika Kokay (PT-DF), a partir de solicitação da Comissão de Excedentes de Concursados da Caixa, a técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Raquel Reisdorf, citou dados que comprovam a necessidade de novas contratações para melhorar o atendimento à população e reduzir o adoecimento dos empregados provocado pelo enorme déficit de pessoal.

Menos 17 mil empregados em dez anos – Mostrou que de 2014 a 2024, 10 anos, foram fechados pela Caixa 17.860 postos de trabalho. “Ao mesmo tempo, no mesmo período, houve um crescimento de 75 milhões de clientes, um aumento de 96%, ou seja, este contingente quase que dobrou. Já o número de empregado por unidade caiu 17%”, disse. Para agravar ainda mais a situação, foram fechadas 114 agências, 233 unidades do Correspondente Caixa Aqui e 156 lotéricas no último ano. 

Demora no delta – Várias outras reivindicações ficaram pendentes durante meses, como a do pagamento dos deltas (primeiro e segundo), com o banco insistindo em estabelecer critérios a serem cumpridos para o pagamento linear do primeiro delta, no final do ano, algo inviável. Na negociação do Grupo de Trabalho (GT) sobre Promoção por Mérito, no dia 2 de dezembro, finalmente, após idas e vindas, a Caixa cedeu, concordando em pagar o mesmo percentual para todos, no primeiro delta, e discutir critérios a serem estabelecidos para o pagamento da verba no próximo ano. Por reivindicação dos representantes dos empregados, o pagamento será feito em 31 de janeiro, e não em abril, como em anos anteriores.