EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu com o banco, nesta sexta-feira (26), para tratar da pressão diária sofrida pelos empregados para o atingimento de metas, o que tem adoecido os trabalhadores da empresa.
“Não é possível que quase 76% dos casos de afastamentos para tratamento de saúde de empregados da Caixa, devido a questões relacionadas ao trabalho, sejam por causa de problemas mentais ou comportamentais”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE/Caixa, Rafael de Castro, se referindo aos dados mais recentes do INSS levantados pelo Dieese.
“E todos nós aqui, de ambos os lados da mesa, sabemos que esses problemas são causados pelas ferramentas adoecedoras utilizadas pelo banco para fazer a gestão de pessoas e a cobrança abusiva de metas, além de falta de orientação da direção para gerir as equipes de forma humanizada”, completou.
Números do Dieese
O levantamento realizado pelo Dieese citado pelo dirigente sindical aponta que, entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) das empregadas e empregados da Caixa, 75,4% são devido a tratamentos de doenças mentais e comportamentais; 12,8% por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; 3,1% a fraturas; e 0,2% a problemas nervosos.
Os representantes da Caixa informaram que a taxa de absenteísmo na Caixa é de 3,51% e todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho devem entrar em contato com o banco para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade do banco.
O representante do Sindicato do Rio e da Federa-RJ, Rogério Campanate, disse que a forma como a Caixa apresentou os números de absenteísmo e de doenças mentais no banco deu uma falsa impressão de que o número de afastamentos na Caixa é pequeno.
“Embora o número absoluto de que 1 bilhão de pessoas no mundo sofre de depressão/ansiedade chame a atenção, ele representa percentualmente aproximadamente 12,5% da população mundial. No caso da consulta nacional aos bancários, esse número fica em torno de 40%, mais de 3 vezes a média mundial, segundo levantamento oficial do Dieese no âmbito do Estado do Rio de Janeiro”, ressaltou Campanate.
“E no caso do absenteísmo, a Caixa traz a informação em percentuais, com 0,37% dos empregados, a cada mês, licenciados por acidente de trabalho. Fazendo o exercício inverso e convertendo esse percentual em números absolutos temos, por mês, mais de três centenas de empregados adoecidos pela empresa, fora as subnotificações, e isso é inaceitável especialmente quando se tem a informação de que até 85% dos empregados atribuem esse adoecimento às metas e às formas de cobrança para seu atingimento”, completou o sindicalista
Instrumentos adoecedores
Os representantes dos empregados lembraram que a Caixa precisa olhar para todos os "instrumentos adoecedores" do banco, como o TDV (time de vendas), por exemplo, que acirra a disputa e a concorrência individual entre os bancários.
Citaram ainda a cobrança pelo WhatsApp, Teams, ligações-ponte; e controle de hora em hora no meio e até depois do expediente, que aumentam ainda mais a pressão sobre os trabalhadores.
Promessa da Caixa
A Caixa se comprometeu a acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.
Assédio sexual
Os empregados cobraram também a punição em relação ao caso de denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente da Caixa durante a gestão do governo Bolsonaro (PL), Pedro Guimarães. Após dois anos não houve punição para o principal denunciado.
Na avaliação dos sindicatos, sem o exemplo de uma punição efetiva, empregadas e empregados ficarão com receio de fazer novas denúncias.
Políticas de prevenção
Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção. Para os dirigentes sindicais não basta programas voltados para prática de esporte, lazer e atividades lúdicas, mas faltam ações práticas para o fim da estrutura adoecedora.
Derruba o teto
A CEE também cobrou o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. Lembraram que o teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das 'empresas de economia aberta' com a saúde dos empregados e não se aplica a uma estatal, que não tem ações na Bolsa de Valores, não tendo assim, a obrigação de se enquadrar ao CPC33.
Para os sindicalistas, a manutenção do modelo 70/30 para o custeio do Saúde Caixa é uma conquista histórica dos empregados e que precisa ser garantida. Com o teto de 6,5%, nos últimos anos a Caixa não tem arcado com os 70% dos custos que lhe cabe.
OS representantes dos bancários cobraram também que todos os custos que a Caixa joga para o Saúde Caixa, que não seja efetivamente de saúde, como os custos da escola inclusiva, sejam efetivamente arcados pela Caixa, como os custos da escola inclusiva para os filhos neurodivergentes de empregadas e empregados e aqueles gerados por doenças ocupacionais (B91).
GT Saúde
A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde, para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa na terça-feira (30), ainda sem horário definido e, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto.