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Numa entrevista ao programa Faixa Livre, no YouTube, nesta segunda-feira (21/8), o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira, falou sobre as especulações que vêm sendo feitas através da imprensa comercial, a respeito de uma suposta troca de presidente da Caixa Econômica Federal, cargo ocupado por Rita Serrano. Esta seria uma das exigências para que partidos do Centrão passassem a fazer parte da base de apoio, a fim de aprovar projetos do governo para a reconstrução do país, destruído pela gestão Bolsonaro.

“Tem havido muita especulação. Parte da imprensa tem seu interesse de classe e de grupos econômicos. Há, portanto, uma disputa para além do Centrão. Mas não tivemos ainda, do presidente Lula, nenhuma sinalização de que vá trocá-la. Vamos aguardar o seu retorno dos Brics e da reunião de países da comunidade de língua portuguesa, duas importantes viagens de sua agenda internacional, e, a partir daí, vamos ver como fica esta questão”, afirmou José Ferreira.

Preocupação

“O que podemos dizer”, acrescentou, “é que nem mesmo setores do governo envolvidos nestas negociações têm esta informação. A gente aguarda com bastante expectativa e preocupação”, admitiu.

Disse que a expectativa da sociedade, dos empregados da Caixa e do movimento sindical, é que não haja retrocessos. “Até porque, quando se fala da reconstrução do país, para nós esta reconstrução passa pela melhoria das condições de vida do povo brasileiro, particularmente dos mais pobres, com os programas sociais, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, o microcrédito voltado para gerar empregos de qualidade. E é a Caixa quem tem esse papel social fundamental e a presidente Rita Serrano tem esta preocupação, como empregada de carreira da CEF, com experiência política também, tendo sido vice-prefeita de sua cidade e membro do Conselho de Administração do banco”, afirmou.

O dirigente bancário disse compreender a necessidade do governo ampliar a sua base para aprovar medidas que são do interesse da sociedade. Mas ponderou: “Nossa preocupação é que a Caixa não tenha o seu papel desvirtuado, que não volte às páginas policiais. Já vimos, em outros governos, malas encontradas em apartamentos na Bahia e casos de assédio moral e sexual”, lembrou.

Contraf-CUT com Lula

Ao Faixa Livre, contou que Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), esteve com o presidente Lula. “Conversou com ele sobre o assunto, reforçando a nossa visão de que a Caixa tem papel fundamental para o país. Reforçando, também, a importância de ter mulheres na gestão pública. A Caixa ajuda no reequilíbrio econômico e social do nosso país. Juvandia frisou ao presidente a preocupação de que esta eventual troca seja um retrocesso para nós. Lula respondeu que está olhando esta questão com muito carinho, que compreende o papel da Caixa e vai levar em conta as nossas preocupações”.

José Ferreira acrescentou, ainda, que se a troca acontecer, não acredita que será um cheque em branco. “Estaremos vigilantes em qualquer governo”, afirmou. “Mas a história mostra que Lula e Dilma sempre consideraram a Caixa Econômica como algo da sua escolha pessoal. A gente espera que a Caixa não seja parte desta política de busca de apoio parlamentar”.

Fez uma crítica à atual gestão. “A atual presidente da Caixa foi indicada ao cargo pelo governo, mas ainda há problemas, como a permanência em postos-chave, de figuras que serviram ao governo anterior. Estamos caminhando para o final de agosto e ainda temos estas figuras que tanto prejuízo trouxeram para a imagem da Caixa”, constatou.