Sexta, 04 Agosto 2023 16:16

'Conquiste' da Caixa: sobrecarga e metas em favor de terceiros

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Em uma live feita recentemente, a direção da Caixa Econômica Federal elogiou o resultado da “Rede Parceira” – lotéricas e outros correspondentes bancários. No entanto, os sindicatos receberam inúmeras denúncias de que, na verdade, a falta de resultados por parte dos “parceiros terceirizados” afeta os resultados da agência vinculada.

Em negociação com o banco, em 27 de julho, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) relatou que, de fato, são os já sobrecarregados empregados que realizam negócios e os direcionam à “Rede Parceira” para finalização, sendo esta remunerada por um serviço que não prestou. E mais: se o empregado Caixa não direcionar a produção para a “Rede Parceira”, sua agência pode ser penalizada.

“Resumindo esta gritante injustiça, o que acontece é que é a rede da Caixa a grande ‘parceira’, enquanto os terceirizados colhem resultados sendo remunerados pelo que não produzem. Ou seja, a direção do banco demonstrou total desconhecimento do que ocorre nas unidades ao elogiar os resultados das terceirizadas”, afirmou Rogério Campanate, dirigente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e da CEE.

Caixa Seguridade

Outro exemplo da ‘terceirização’ da mão-de-obra dos empregados refere-se ao Caixa Seguridade cuja venda não leva em consideração a capacidade e falta de condições de trabalho nas unidades. Este serviço ocupa a maior parte do tempo de muitos empregados e corresponde a um resultado em torno de 5% do balanço da empresa, enquanto, no ‘Conquiste’, chega a quase 1/3 do resultado quando levados em consideração os chamados mobilizadores.

“Obviamente realizar resultados para terceiros é, por si só, um motivo que agrava a adoecimento, mas não é apenas isso. Há diversos itens em que simplesmente não é possível fazer a conferência dos números apresentados no ‘Conquiste’, como RPS, Cross Sell e expansão de base, sendo que, esse último simplesmente possui informações incorretas no relacionamento.caixa, impedindo qualquer planejamento”, frisou Campanate.

Sistema confuso

Lembrou, ainda, que, em outros itens, é necessário acessar diversos sistemas para verificar a produção, como o crédito pessoa física – além de ter produtos sem taxas competitivas e outros sem funding, ou seja, é impossível atingir um resultado sem ter como operar o produto. “O peso do item ‘Adimplência’ foi aumentado e muitos empregados encontram dificuldades para compreender os indicadores. Em outros itens, como ‘Tempo de Espera’, a empresa cobra dos empregados um resultado que sequer é capaz de mensurar, porque o sistema simplesmente não funciona”, exemplificou Campanate.

Outro ponto fundamental a respeito dos objetivos determinados no ‘Conquiste’ é a discrepância entre esses objetivos e a real necessidade e capacidade das unidades em atingi-los. “Há muito tempo os objetivos não levam em consideração a capacidade de produção das unidades e muito menos sua vocação. O resultado desse absurdo é que unidades que atingiram a alta performance, caíram de classe porque as metas desconsideraram a sustentabilidade da própria unidade. Soma-se a isso o verdadeiro apagão de conhecimentos de CRR (custos, receitas e resultados) por parte das equipes de gestores das unidades, já que há anos não se faz um treinamento com os gerentes a respeito”, afirmou.

Para Campanate, a exemplo do que ocorreu com o PQV e a GDP, as entidades representativas dos empregados esperam que as informações levadas à mesa sejam devidamente encaminhadas às áreas responsáveis, de forma a minimizar as contradições demonstradas.

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