Quinta, 20 Julho 2023 17:43

Caixa apresenta programa que substituirá o GDP

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

A diretoria da Caixa Econômica Federal comunicou, em reunião virtual, nesta quarta-feira (19/7), à Comissão Executiva dos Empregados (CEE), na Mesa Permanente de Negociação, a criação de um novo programa de gestão de pessoas, o “Minha Trajetória”, que substituirá o famigerado Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). Sérgio Amorim, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e membro da CEE, criticou o método utilizado.

Frisou que o banco apresentou o novo programa, substituindo o GDP, que tantos problemas causou, deixando, porém, muitas dúvidas, como, por exemplo, se o gestor pode alterar os objetivos estabelecidos pelo empregado e se este será cobrado pelo não atingimento destes objetivos. “Justamente por este tipo de coisa é que temos cobrado que a empresa retome o canal negocial plenamente, não apenas apresentando as mudanças que irá implementar, mas debatendo com a CEE na mesa permanente, que é uma conquista da categoria”, ressaltou.

Sobrecarga

O banco afiançou que a nova ferramenta daria mais transparência às avaliações. Que o próprio empregado poderá registrar seus objetivos, que serão posteriormente validados e poderão ser alterados pelo gestor. Além disso, o gestor fará uma avaliação parcial, que poderá ser vista pelo empregado, para que o mesmo busque a melhoria, ou apresente provas que mostrem que entregou os resultados definidos, ou questões que impediram tal entrega, como problemas no sistema. Entretanto, não existe campo para o empregado poder fazer anotações da sua entrega.

“Não é possível que o empregado tenha que guardar as provas dos problemas de sistema e outras questões que prejudiquem seu trabalho. A ferramenta precisa ter formas de gerir estes problemas sem que o empregado precise gerar estas provas. Ele já tem muito trabalho a fazer, em condições muitas vezes precárias, a Caixa não pode gerar mais uma responsabilidade pra ele”, disse o representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/PR), Francisco Pugliesi.

Virada de página?

Segundo a Caixa, o “Minha Trajetória”, entrará em vigor, já a partir de 1º de agosto. Garantiu que será uma ‘virada de página’ para corrigir os rumos que estavam estabelecidos na gestão de pessoas e que o objetivo ‘é sanar problemas’ e ‘orientar o desenvolvimento profissional dos empregados’.

A coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, também protestou contra a falta de negociação antes da implementação. “Conversas prévias são importantes, mas não basta a Caixa nos apresentar as decisões antecipadamente. A mesa não é pra ser ouvinte e sim de negociação”, fez questão de ressaltar. Destacou ser preciso haver negociações efetivas sobre todos os temas, e retornos.

“Temos várias pendências como o teletrabalho, com prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com filhos ou criança de até seis anos de idade sob sua guarda judicial, e a questão principal das metas e o assédio no trabalho que, durante a Campanha Nacional dos Bancários de 2022, os bancos assumiram o compromisso de discutir”, afirmou Fabiana.

Democratizar as relações

Para a CEE, o novo programa tem certos avanços em relação ao antigo GDP, mas a implementação na data estipulada (1º de agosto) é precipitada. Apesar das melhorias, existem pontos a serem aprimorados para garantir que seja uma ferramenta transparente e de desenvolvimento do empregado e não de assédio e cobrança abusiva de metas.

A CEE questionou alguns pontos que não ficaram claros na apresentação feita pelo banco. Entre eles, se haverá penalidades para quem não cumprir os objetivos estabelecidos. “Quais os desdobramentos? Por exemplo, pelo GDP, o empregado não poderia participar de Processos de Seleção Interna. Como será com esta nova ferramenta? Haverá algum desdobramento?", questionou Fabiana.

A cordenadora lembrou ainda que, no início, o GDP definia objetivos para se chegar ao resultado, mas nos últimos ciclos virou uma ferramenta de individualização das metas da agência para cada empregado. Frisou que a primeira cartilha do GDP proibia vincular objetivos à meta, porque usava a nota do Conquiste da agência na composição da nota final. Depois que instituíram um objetivo obrigatório vinculado ao Time de Vendas, degringolou.

Programa capenga

A representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Fetrafi) do Nordeste, Chay Cândida, mostrou preocupação com o aumento da tensão entre os gestores com seus subordinados. “O empregado terá que juntar provas e questionar seu gestor. A Caixa pode estar piorando uma relação já adoecida entre eles, devido a cultura implantada anteriormente”, disse.

“Há gestores que aceitarão dialogar, mas a grande maioria, após anos de assédio liberado, nem vão sentar pra conversar”, completou o representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS), Tesifon Quevedo Neto.

Desenrola a hora-extra

Ao final da reunião, a representação dos trabalhadores questionou o banco sobre a abertura das agências uma hora mais cedo na sexta-feira para atender clientes endividados (Programa Desenrola) e cobrou que haja dotação de recursos para o pagamento de horas-extras. A Caixa confirmou a informação e se comprometeu a pagar as horas-extras.

 

 

Mídia