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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) cobrou da Caixa Econômica Federal (CEF) a imediata exclusão do caráter punitivo do Programa de Qualidade de Vendas (PQV), cuja nova versão, divulgada recentemente pelo banco, pune empregados por cancelamentos de vendas. A negociação foi nesta sexta-feira (19), em Brasília.
A reunião contou com a presença do vice-presidente de Gestão de Pessoas, Sérgio Mendonça. Esse fato ganha importância histórica, pois a retomada desta instância no âmbito do banco público – que havia sido extinta no primeiro semestre de 2021, ainda sob a gestão de Pedro Guimarães – ocorreu a partir de uma reivindicação dos empregados.
"A presença da vice-presidência de Pessoas na mesa de negociação foi uma prova da disposição da empresa em dialogar com os trabalhadores. Mas infelizmente, pelas intervenções dos membros da CEE, foi possível verificar que a cultura do assédio ainda está entranhada demais na empresa por todo o país. Sigamos firmes até acabar com essa herança maldita", afirmou o dirigente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e da CEE, Rogério Campanate.
PQV é inaceitável
Na abertura foi ressaltada a importância da Mesa de Negociação e a necessidade de ser o canal de negociação. Os representantes dos empregados foram unânimes em condenar o Programa de Qualidade de Vendas, classificado de inaceitável.
“Somos totalmente contrários ao PQV, pois não resolve o problema de uma venda malfeita. O problema não é a venda e sim o que motivou a que essa venda fosse feita dessa forma”, afirmou Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da CEE/Caixa. Acrescentou que as metas cobradas são desumanas. “É preciso acabar com a cultura do assédio e antes de tudo oferecer treinamento adequado aos empregados. Além disso é urgente a contratação de novos para aliviar a sobrecarga dos colegas”, argumentou.
Gestão humanizada X PQV
Para Campanate, uma gestão humanizada não tem chicote e o PQV é um chicote. “O programa está errado na premissa, pois ninguém vende errado por que quer, mas porque é forçado pelas circunstâncias, pelas exigências, pelas metas”, afirmou.
Disse ainda aos representantes do banco que o PQV transfere para o empregado a responsabilidade por problemas estruturais da empresa, como o déficit de pessoal, falhas no sistema, bons produtos, falta de tempo para aquisição de conhecimento no horário de trabalho, e falta de recursos para o atendimento aos clientes. “Precisamos de mais empregados. Não admitimos banco de horas negativo, precisamos de melhorias nos processos e na estrutura e não queremos um PQV com punições”, disse.
Na reunião com a Caixa, a CEE defendeu que os empregados não podem ser punidos pelo fato de clientes cancelarem produtos seguindo orientação enviada pelo próprio banco. Foi dito, inclusive, não haver motivo para proibir os trabalhadores de participarem de Processos de Seleção Interna (PSI) e muito menos usar de ameaças para intimidar os bancários da rede, como sugere a proposta do PQV apresentada pelo banco.
Retrocesso
Para a Comissão, os problemas registrados nas agências e outras unidades da Caixa seguem na linha de retrocesso desenfreado, e isso é inadmissível. Para a CEE, o mais urgente no momento é atacar o problema do assédio e as metas desumanas. Para a reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, a medida de gestão mais emergencial é o respeito e a valorização do seu corpo funcional. A gestão tem que de fato ser humanizada.
Em relação à questão do assédio moral e sexual, especificamente, os dirigentes cobraram um espaço específico para tratar do tema que atinge hoje a imagem do banco e é causa de grande parte do adoecimento de empregadas e de empregados. Foi cobrado, também, a definição de um calendário de negociações, com cronograma de debates para que as reivindicações da categoria avancem no rumo de propostas minimamente decentes. Isso, segundo a representação dos empregados, irá fortalecer o DNA público e social da Caixa.
Demais itens
O encontro tratou ainda de questões relacionadas a condições de trabalho. Os representantes dos empregados frisaram a necessidade de avanços nas reivindicações dos trabalhadores. Disseram serem urgentes medidas que viabilizem a solução de problemas estruturais deixados pelas últimas gestões da Caixa. Fatiamento do banco em subsidiárias, sucateamento das áreas de infraestrutura e dos equipamentos e mobiliários são “entulhos autoritários” que precisam ser revistos com urgência.
A representação dos empregados reivindicou ainda:
- fim do teto de gasto do Saúde CAIXA
- Valorização da Universidade Caixa (volta dos cursos presenciais na jornada de trabalho)
- Processos seletivos internos transparentes e democráticos (abertos a todos)
- Home Office – cumprir efetivamente a legislação (priorizar PCD, pais e mães de PCDS)
- Jornada reduzida para os pais de filhos PCDs
- Rediscutir PCS
- Volta das GIPES (descentralização, uma por estado).
- Fim das funções por minuto – bem como a efetivação dos colegas que executam hoje essas atividades
- Empregados perseguidos na gestão anterior - necessidade de reparações.
- Fim do banco de horas negativo com dotação pras horas extras
Vice-presidente de Pessoas se pronuncia
No fim do encontro, depois de ouvir as demandas apresentadas pelos representantes dos empregados, Sérgio Mendonça ressaltou a importância da Caixa “uma espécie de jóia da coroa do Brasil por ser um banco público muito importante em termos sociais e econômicos”. O vice-presidente de Pessoas reiterou que o compromisso da atual gestão do banco é de diálogo permanente com as empregadas e os empregados, para evitar que saiam programas sem conversar com as representações dos trabalhadores.
“Nosso compromisso, portanto, é fazer o diálogo de forma transparente e de boa fé. Vamos procurar dar as respostas em curtíssimo espaço para as demandas apresentadas”, complementou.