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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Imprensa SeebRio
Nesta quinta-feira (11/5), a Caixa Econômica Federal anunciou lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no primeiro trimestre deste ano. Em relação ao mesmo período de 2022, houve queda de 23,9%; e de 11,1% na comparação com o quarto trimestre de 2022.
José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro comentou o resultado. E avaliou que a variação negativa se deveu à manutenção dos juros estratosféricos.
“Há dois pontos que não escapam a uma leitura mais apurada do balanço, um deles é o aumento na Previsão para Devedores Duvidosos (PDD), consequência das altas taxas de juros que provocam crescimento da inadimplência e geram prejuízos aos empregados da Caixa afetando o resultado da PLR”, disse. E acrescentou: “Já o segundo é o aumento do número de clientes atendidos, que sem concurso público para o preenchimento de vagas, torna ainda pior o atendimento e gera sobrecarga de trabalho com e mais casos de adoecimento dos bancários e bancárias”.
De fato, nos três primeiros meses do ano, a margem financeira da Caixa cresceu 30,4%, em comparação ao mesmo período de 2022, atingindo R$ 13,9 bilhões. Por outro lado, houve elevação de 56,4% nas despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) e de 19,8% nas outras despesas administrativas. Já a rentabilidade do banco sobre seu patrimônio líquido (ROE) ficou em 7,55%.
Segundo análise dos dados do balanço elaborada pelo Dieese, a taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias na Caixa foi de 2,73%, com aumento de 0,4 pontos percentuais na comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. “Esse crescimento foi puxado, em grande medida, por um caso específico. Caso não tivesse acontecido, o índice teria sido de 2,38%”, disse o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Filipe Barreiros.
“Quando analisamos os dados específicos do balanço, podemos dizer que o aumento de provisão é compreensível devido ao crescimento da taxa de inadimplência do banco, que começa a se aproximar da que é verificada nos grandes bancos privados, mas esta medida afeta o resultado do banco”, explicou. “Além disso, quando analisamos a conjuntura econômica do país, vemos os efeitos da alta nas taxas de juros, que encarece o crédito e dificulta o cumprimento dos compromissos financeiros, tanto pela população, quanto pelas empresas e pelo Estado”, completou.
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, observa ainda que o aumento da PDD também traz prejuízos diretos aos trabalhadores da Caixa. “Não bastassem os prejuízos causados à sociedade como um todo, as altas taxas de juros praticadas pelo banco central e o consequente crescimento da inadimplência prejudicam nossa PLR (Participação nos Lucros ou Resultados)”, observou. “Ao afetar o resultado da Caixa, o Campos Neto também mexe no nosso bolso. É isso o que precisamos entender”, completou a coordenadora da CEE.
Outro dado que mostra prejuízo aos empregados da Caixa é o que aponta a redução do pessoal. A Caixa encerrou o 1º trimestre de 2023 com 86.741 empregados, 109 a menos em um ano. Mas, além da queda no número de trabalhadores, houve aumento de aproximadamente 5 milhões de novos clientes no período, elevando, desta forma, a relação de clientes a serem atendidos por empregados para 1.744 clientes para cada empregado.
*Com informações do site da Contraf-CUT e do UOL.