Sexta, 30 Julho 2021 01:38

Funcionários do Bradesco debatem saúde, teletrabalho e as novas agências de negócios

O diretor do Sindicato e membro da COE, Leuver Ludolff, abriu os debates do Encontro dos bancários do Bradesco falando da necessidade de fortalecimento da organização da categoria para o êxito da campanha nacional O diretor do Sindicato e membro da COE, Leuver Ludolff, abriu os debates do Encontro dos bancários do Bradesco falando da necessidade de fortalecimento da organização da categoria para o êxito da campanha nacional Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O diretor do Sindicato e membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Leuver Ludolff, abriu o Encontro Estadual dos funcionários do Bradesco destacando a importância dos bancários conseguirem fortalecer a organização para as lutas e desafios da campanha nacional deste ano, como a  defesa da vida, do emprego e dos direitos dos bancários e bancárias .

Emprego e segurança

Magali Fagundes, coordenadora do coletivo nacional, falou que temas importantes, como a reestruturação que transformou agências em unidades de negócios e o fechamento de unidades físicas com as fusões, que geraram demissões em massa, estão entre as principais preocupações dos funcionários.

“O movimento sindical tem cobrado soluções para que o banco aproveite os trabalhadores dessas agências fechadas, fazendo alocação dos empregados. Em 2019 o banco chamou para uma reunião, mas não negociou com os sindicatos, apenas informou a respeito da reestruturação que fechou agências e transformou outras em unidades de negócios”, destacou.   

Os sindicalistas relataram que, em várias cidades do país, o novo modelo de agência trouxe, além da redução de postos de trabalho, uma outra preocupação dos funcionários: a falta de segurança.

“Os vigilantes foram retirados bem como os caixas. O banco informou que há autorização do Banco Central e da Policia Federal para o funcionamento e que estes novos modelos não possuem caixa, cofres e nem valores em espécie (dinheiro). Entretanto há os caixas eletrônicos, que estão sendo geridos por empresas terceirizadas. Estamos reivindicando a presença de vigilantes”, disse Magali.

O presidente do Sindicato Sul Fluminense, Júlio Cesar, concorda que as agências de negócios vem trazendo preocupação entre os bancários quanto a falta de segurança e disse que é preciso buscar garantias com ações na Justiça. “O Sindicato de Campo Grande conseguiu uma liminar na justiça para manter uma porta giratória”, citou como exemplo.

O Bradesco é um dos bancos que mais fechou postos de trabalho desde 2020, mas alega que “o processo de reestruturação não está mais em andamento” e que “as demissões ocorridas em plena pandemia seriam em função do avanço da digitalização no setor financeiro”, o que tem sido rebatido pelo movimento sindical. O Sindicato do Rio tem conseguido seguidas reintegrações na Justiça através de seu Departamento Jurídico, tendo como fundamentação principal nas ações, o descumprimento do acordo feito pelos bancos de não dispensar trabalhadores durante a pandemia da Covid-19.

Saúde e proteção da vida

A preservação da vida, em função da pandemia da Covid-19 acabou se tornando o item prioritário na luta recente da categoria.. O contexto acabou inviabilizando outros temas importantes que não foram negociados, como as demandas sobre o os planos de saúde, apesar dos seguidos pedidos da COE e dos sindicatos para o Bradesco abrir um canal de diálogo sobre estas e outras demandas.

Os participantes do encontro relataram problemas como de médicos e clínicas de credenciados que não estão atendendo mais aos clientes do Plano Bradesco e há ainda questões do odontológico.

“Em fevereiro de 2020 teríamos ao retorno das demandas em reuniões, mas a pandemia impediu os encontros presenciais. Nossa prioridade passou a ser a proteção da vida na pandemia e as mesas específicas foram suspensas. Fizemos uma revisão da minuta em 2020, negociamos muito em relação aos protocolos de prevenção à Covid-19 e houve acordo em relação as providências, inclusive nos casos de bancários contaminados”, disse Magali.

O encontro nacional dos bancários do Bradesco será realizado no dia 3 de agosto e terá como mote ‘O que queremos do Futuro é emprego, saúde e um Brasil melhor’.

Direitos no teletrabalho

No Bradesco, nenhum trabalhador está oficialmente em teletrabalho, mas continua considerado como home office. O acordo firmado com a categoria fala em ajuda de custo para adquirir cadeira, mas os funcionários teriam que formalizar assinando documento em que eles "aceitam o novo modelo de trabalho em casa".

Para o banco, dois dias do teletrabalho por semana não fazia jus a ajuda de custo. Os bancários têm reivindicações também relacionadas à jornada de trabalho e direito ao intervalo do almoço (o bancário desconecta o sistema digital do banco).

“Para o banco, pessoas estão em home oficce, não estão em teletrabalho e isto trouxe muita confusão. Na pandemia, o Bradesco chegou a ter 65% dos empregados em casa, fazendo um rodízio com os trabalhadores nas unidades físicas. Queremos que esse acordo do revezamento e proteção dos funcionários seja cumprido, pois as mortes continuam, a vacinação é lenta e temos essa preocupação com a vida”, afirmou a coordenadora do coletivo.

Wanderlei Souza disse que é preciso rever os valores do acordo feito para a compra de cadeiras para quem continua trabalhando em home Office, em função da elevação dos preços e disse que o setor de relações sindicais do banco, pelo menos no Rio de Janeiro, não tem dado as soluções solicitadas pelos dirigentes sindicais. “Não conseguimos suspender demissões através do diálogo e o que deveria demorar, no máximo, uma semana para resolver determinadas demandas, demora um mês para resolver”, reclamou.

A pesquisa da Contraf-CUT sobre o assunto tem por objetivo garantir as cláusulas de proteção aos trabalhadores que continuam em casa. Segundo os sindicalistas, a pandemia antecipou o home office, mas o banco insiste em não avançar e sequer dialoga com os sindicatos sobre o tema, se negando a fazer o acordo do teletrabalho.  

Metas adoecem

A COE continua pressionando para que o Bradesco pare de cobrar metas durante a crise sanitária da pandemia, que estão adoecendo os bancários, inclusive com práticas de assédio moral. O banco havia ainda concordado em não permitir visitas de bancários aos clientes, exceto às pessoas com problemas de mobilidade, mas manteve as metas.

PLR do HSBC

Outra pendência nas negociações específicas é a questão da PLR dos empregados do antigo HSBC. Desde janeiro os sindicatos cobram uma posição do banco. “Demos um prazo até agosto. Se não houver acordo, os sindicatos vão entrar na Justiça”, explica Magali.

Outro tema abordado foi o seguro de vida sem custos (mais um) estendido também para os aprendizes. O Bradesco fez levantamento e um grande número de bancários assinava o contrato de trabalho sem saber sobre o seguro de vida. Por conta de ações na justiça o banco deu a opção de o empregado aceitar ou não o seguro. O HSBC já tinha este formato do seguro de vida.

Campanha nas redes sociais

Os sindicalistas abordaram também o sucesso da Campanha nacional nas redes sociais #QueVergonhaBradesco, mas se dividiram a respeito da necessidade de mais atividades sindicais presenciais para fortalecer a luta, em funçã da pandemia.  

Outras propostas aprovadas

Foram aprovadas ainda propostas referentes às condições de trabalho, como alterações de layolt  e mobiliários físicos para garantir distanciamento em relação à Covid-19; Exigir o cumprimento do banco quanto a uma ajuda de custo justa para os funcionários em home Office; o fim da cobrança de metas durante a pandemia e do cumprimento de normas da OMS (Organização Mundial da Saúde) e o fim do assedio moral e o fortalecimento da campanha nacional para envolver bancários e a sociedade na denúncia das demissões.

Foram eleitos 13 representantes do Rio para o Encontro Nacional, que será realizado no próximo sábado, dia 3 de agosto. 

 

Mídia