Terça, 29 Setembro 2020 23:06

Sindicato repudia decisão do Bradesco de descumprir acordo e demitir funcionários

Dispensas são confirmadas em comunicado do banco, na segunda (28), apesar dos bancários garantirem uma das maiores lucratividades na América Latina
O diretor do Sindicato e membro da COE, Leuver Ludolf, criticou o Bradesco por demitir e cobrar metas abusivas em plena pandemia O diretor do Sindicato e membro da COE, Leuver Ludolf, criticou o Bradesco por demitir e cobrar metas abusivas em plena pandemia

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O Bradesco informou que os funcionários que forem comunicados da sua demissão sem justa causa, no período entre 21 de setembro e 30 de novembro, terão os planos de saúde e odontológico mantidos por seis meses além do que prevê a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Apesar de no comunicado intitulado “Concessão de Benefício Adicional no Desligamento”, o banco citar o “compromisso” do Bradesco em “apoiar e adotar medidas de enfrentamento à pandemia” e a “adoção do princípio de valorização de pessoas”, ficou claro a quebra de um compromisso assumido publicamente com os trabalhadores de não demitir enquanto durar a pandemia, repetindo a práticas de outras instituições bancárias, como Santander, Itaú, Mercantil e Safra.  

“O Bradesco fala em ‘valorização de pessoas’, mas não há maior sentimento de desvalorização para um trabalhador do que a sua demissão. Valorizar o funcionários é, antes de tudo, garantir o emprego e a qualidade das condições de saúde e de trabalho”, retruca o diretor do Sindicato do Rio, Leuver Ludolff, que é membro da COE (Comissão de Organização dos Empregados).  

Lucrando na crise

Enquanto os setores produtivos, como indústria, comércio e serviços amargam prejuízos e falências e o trabalhador sofre com desemprego ou atividade absolutamente precária, como nos aplicativos de Uber e iFood,  o sistema financeiro continua lucrando na crise. No primeiro semestre de 2020, o banco faturou R$ 7,626 bilhões. Os números oficiais estão subnotificados porque as instituições financeiras estão utilizando a estratégia de transferir maior parte dos ganhos para as Provisões de Devedores Duvidosos (PDDs), que em relação ao Bradesco cresceu 46,6% em relação ao mesmo período de 2019.

COE: estratégias de luta

A COE se reuniu na terça-feira (29) através de videoconferência para debater estratégias de luta em resposta às demissões no Bradesco, que descumprem o acordo feito com a categoria. Além disso, as entidades sindicais e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) cobraram da direção do banco uma reunião para tratar do tema e tentar suspender as dispensas.

Além das demissões, os sindicatos cobram o fim da pressão por metas e do assédio moral que estão adoecendo os trabalhadores.

“Se a cobrança abusiva de metas e o assédio moral já são práticas desumanas inadmissíveis, que dirá com essa crise sanitária e econômica sem precedentes na história do capitalismo”, conclui Leuver.

 

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