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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O home Office é uma necessidade para garantir o distanciamento social e proteger a saúde dos trabalhadores e da população. No entanto, ao perceber que o sistema do trabalho remoto reduz custos, elevando os lucros, empresas e bancos já definiram que o trabalho em casa é uma tendência que veio para ficar. Estudiosos da área de saúde têm alertado que novos males físicos e psíquicos surgem com o teletrabalho, mas tornam-se mais difícil para que sejam caracterizados como doença ocupacional. Por isso, o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro está acompanhando de perto o problema e cobra dos bancos condições de trabalho e de saúde para os bancários nesta situação.
“Doenças como lesões na coluna ou por esforço repetitivo (LER) podem se tornar ainda mais comuns, em função da falta de condições ergonômicas adequadas para a realização do trabalho em casa. A Consulta Nacional revelou a preocupação da categoria com a falta de um espaço adequado para o trabalho e com jornadas exaustivas, que podem aumentar o estresse, resultando em adoecimento psíquico”, explica o diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, Gilberto Leal.
Trabalhador desguarnecido
A médica do Trabalho Maria Maeno, mestre e doutora em Saúde Pública (USP) e pesquisadora em saúde do trabalhador critica a reforma trabalhista aprovada no Governo Temer, que obriga o empregado a assinar termo de compromisso para seguir s normas da empresa para o home office.
“Estão, na verdade, isentando as empresas por qualquer adoecimento. O empregador pode argumentar que se você adoeceu é porque não seguiu os procedimentos determinados”, afirma. Diante da fragilidade das novas regras trabalhistas, cuja prioridade é a de blindar as empresas de possíveis ações trabalhistas, jogando sobre o trabalhador a responsabilidade pelas condições de saúde, os sindicatos têm negociado, banco a banco, para garantir os direitos dos funcionários
Garantias no Bradesco
O Comando Nacional dos Bancários e a COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Bradesco conseguiu avançar em itens importantes do teletrabalho, garantindo aos empregados o controle da jornada de trabalho, com o devido tempo para o descanso e as refeições, o fornecimento de equipamentos adequados, como cadeira, notebook, mouse, teclado e uma ajuda de custo para o bancário, além de suporte de apoio para a rotina profissional e curso para quem aderir ao teletrabalho (a adesão tem que ser voluntária). Um Grupo de Trabalho de acompanhamento será criado para acompanhar todo o processo da nova forma de trabalho e o Bradesco terá que orientar sobre as medidas de prevenção das doenças e acidentes do trabalho e realizar exame periódico de quem estiver em teletrabalho.
“É inegável que conseguimos avanços importantes, que precisam ser garantidos para os funcionários de todos os bancos. Este GT será fundamental porque precisamos avançar ainda mais para garantir a saúde dos bancários e a caracterização das doenças ocupacionais”, acrescenta Gilberto.
Síndrome de Burnout
A chamada Síndrome de Burnout é uma forma de estresse crônica decorrente de situações relacionadas ao teletrabalho. De acordo com pesquisa da International Stress Management Association (Isma) no Brasil, 72% dos trabalhadores brasileiros já desenvolveram alguma sequela ocasionada pelo estresse. Desses, 32% sofrem de Burnout. E 92% das pessoas com a síndrome continuam trabalhando.
“É preciso criar condições dignas de trabalho para os bancários que estão na linha de frente do atendimento nas agências, cobrando os protocolos de prevenção à Covid-19, mas garantido a saúde também daqueles que optarem pelo teletrabalho”, conclui o sindicalista.