Sexta, 07 Fevereiro 2025 11:08

Bradesco lucra R$19,6 bilhões em 2024 e fecha 1.300 postos de atendimento

Segunda maior instituição privada do país tem resultado acima do esperado, mas continua demitindo e adoecendo bancários
Atividade do Sindicato contra o fechamento de agências e demissões e em defesa do direito dos clientes ao atendimento presencial: campanha vai continuar em 2025 Atividade do Sindicato contra o fechamento de agências e demissões e em defesa do direito dos clientes ao atendimento presencial: campanha vai continuar em 2025 Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

No meio de uma ampla reestruturação, o Bradesco segue recuperando seus resultados e teve um lucro anual em 2024 acima do esperado pelo mercado, com um resultado líquido de R$ 19,6 bilhões. 

O número representa uma alta de 20% em relação a 2023, ano que foi marcado pela mudança do CEO após uma série de resultados ruins, com aumento da inadimplência e perda da rentabilidade.

Por trás dos números 

No entanto, os lucros da segunda maior instituição privada do país e a melhora nos resultados têm custado muito caro para os funcionários e um desrespeito aos clientes e usuários. O banco fechou 1.300 postos de atendimento em todo o país, promovendo demissões e elevando a sobrecarga de trabalho dos bancários que ainda trabalham no banco. 

O CEO do Bradesco, Marcelo Noronha comemorou os lucros, mas não comenta a situação difícil que os empregados do banco vivem. 

"Em 2025, aceleraremos em todas as frentes. Nosso escritório de transformação está a pleno vapor”, disse, em entrevista à grande imprensa. 

Demissões e assédio 

O diretor do Sindicato do Rio de Janeiro e representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Leuver Ludolff, criticou o modelo de gestão de pessoas do banco, em função das dispensas e da pressão e assédio moral por metas que adoecem os trabalhadores. 

Um dado que tem chamado a atenção é o crescimento exponencial de bancários vítimas da Síndrome de Burnout, doença provocada pelo excesso de trabalho que causa estresse excessivo no trabalhador, caracterizada por um estado de exaustão física e emocional, que pode impactar em outras áreas da vida. E o pior: o banco nega a relação das doenças com as precárias condições de trabalho. 

"Este ano vamos continuar realizando protestos nas agências para denunciar à opinião pública o que está por trás destes lucros bilionários. O Bradesco, como os demais bancos privados, fecha agências, demite e assedia trabalhadores e cria um clima de tensão nos locais de trabalho, pois os bancários hoje vão trabalhar com medo de serem os próximos a perderem o seu emprego", destacou. 

"Cada agência fechada é um desrespeito com os clientes, que têm o direito de optar por um atendimento presencial, o que tem sido negado pelo banco, que constrange os consumidores a utilizarem os meios digitais. Os idosos ainda têm muita dificuldade no manuseio dos aplicativos das instituições financeiras. É uma desumanidade o que os bancos estão fazendo com a população e o Sindicato tem denunciado essa prática", completou Leuver. 

PLR é conquista

No quarto trimestre de 2024, o lucro recorrente do Bradesco foi de R$ 5,402 bilhões, uma alta absurda de 87,7% em relação ao mesmo período de 2023.

"O lucro é fruto do sacrifício e do trabalho da categoria, por isso lembramos sempre que a PLR não é uma benesse concedida pelos bancos, mas uma conquista da organização dos trabalhadores em seus sindicatos", explica Leuver. 

A participação nos lucros foi conquistada pelos trabalhadores no Brasil em 1995 e a categoria bancária foi a primeira a garantir este direito em nível nacional através da negociação coletiva dos sindicatos com os bancos.

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