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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Foi realizado nesta quinta-feira (6), em São Paulo, o Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco.
Dois temas foram os destaques do evento: a reestruturação no banco, que tem resultado na extinção de agências físicas e em centenas de demissões em todo o país, e o adoecimento dos bancários, especialmente de doenças psíquicas causadas pela pressão e assédio moral para o atingimento de metas.
Engajamento na campanha
O diretor do Sindicato do Rio e representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Leuver Ludolff, fez uma avaliação do encontro, que servirá para formulação de reivindicações do acordo específico e questões gerais que serão encaminhadas para a 26ª Conferência Nacional da categoria, que acontece de sexta (7) até domingo (9), também na capital paulista.
"Nesse momento tão difícil no Bradesco, com essa reestruturação, o nosso encontro dos funcionários foi fundamental para a nossa organização e luta na defesa do emprego e da saúde do trabalhador. No dia de hoje realizamos debates, propostas para melhoria das condições de trabalho e atualizamos a nossa minuta de reivindicações que será encaminhada para negociações com a direção do banco. Mas é preciso entender que somente com o engajamento dos bancários e bancárias é que vamos conseguir avançar nas negociações e obter êxito na campanha salarial ", afirmou Leuver.
Mais críticas à reestruturação
Na mesa de abertura, a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou o momento difícil para os trabalhadores do Bradesco, que implementa uma reestruturação com fechamento de agências e extinção de postos de trabalho. “Os bancários estão com medo de serem os próximos a perderem seus empregos. E uma das principais preocupações do movimento sindical é a defesa do emprego.”
Análise de conjuntura
Durante sua análise de conjuntura, Juvandia lembrou que após o golpe que depôs Dilma Rousseff e que resultou na ascensão da extrema direita, esta será a primeira campanha dos bancários na retomada de um governo progressista. Mas destacou que os desafios do governo são grandes diante da oposição, que é maioria no Congresso. “O governo Lula agora tem que negociar muito mais do que antes. Vivemos quase um semi parlamentarismo, onde metade do orçamento é determinado pelo parlamento e outra grande parte vai para os juros da dívida pública. Os juros pagos pelo setor público brasileiro alcançaram R$ 700 bilhões (no acumulado de 12 meses até setembro de 2023). São R$ 700 bi que deixam de virar política publica, que deixam de ser crédito para o agricultor, que deixam de capitalizar bancos para fazerem política de crédito a juros baixos, ou seja, que deixam de ser empregados no desenvolvimento do país, com redução das desigualdades sociais. É urgente que o BC reduza a taxa Selic.”
Juvandia também destacou a necessidade de regulamentação do setor financeiro para que o setor assuma responsabilidade social e compromisso com o desenvolvimento nacional do país.
Os delegados e delegadas que participaram do encontro aprovaram a minuta de reivindicações específicas que será debatida na mesa de negociações com a direção do Bradesco. Defesa dos empregos e valorização dos funcionários, com melhorias nas cláusulas econômicas, nas condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores do Bradesco. Esses são alguns dos principais pontos da pauta de reivindicações específicas dos funcionários do banco.
O eventou aconteceu de forma híbrida para que os bancários do Rio Grande Sul pudessem participar.
"Estamos no momento do ano mais importante para a nossa mobilização, que é a realização de nossa Campanha Nacional 2024. Aqui aprovamos a minuta específica dos trabalhadores do Bradesco, que será entregue ao banco para darmos início aos debates específicos na mesa de negociação com o Bradesco. Paralelamente, vamos construir, na Conferência Nacional dos Bancários, que começa sexta e se encerra no domingo, a pauta de reivindicações geral da categoria, a ser negociada entre Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban. Portanto, é fundamental que os bancários do Bradesco estejam atentos, que acompanhem e participem ativamente de todas as etapas da nossa Campanha. Juntos avançamos nas conquistas. Vamos à luta", disse a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, Magaly Fagundes, que passará a ser substituída na função pela atual secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Erica de Oliveira,
Plano de reestruturação
Durante o encontro, o economista do Dieese, Gustavo Carvazan, fez uma apresentação do Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que está sendo implementada pelo banco após quedas no lucro (de 28,4% de 2019 a 2020, e de 43,8% de 2021 a 2023) e rentabilidade (de 19,9% em 2019, para 10% em 2023) desde a pandemia. O plano, cujo principal objetivo é elevar os resultados do banco, começou a ser concretizado este ano.Segundo Carvazan, o Bradesco continuará atuando na área de varejo massificado, mas com redução de custos, atravésda ampliação dos correspondentes bancários. As agências físicas permanecem apenas nos grandes centros urbanos, mas em outras localidades o Bradesco Expresso (rede de correspondentes) será o canal essencial e vai continuar atuando fortemente no segmento de pequenas e médias empresas;
Outra estratégia do banco é atrair clientes de alta renda que estão preferindo fazer aplicações financeiras em outras instituições bancárias utilizando o modelo de empregabilidade de trabalhadores autônomos e com a contratação de 3 a 4 mil pessoas da área de TI (Técnicos da Informação).
Outra medida do segundo maior banco privado do país que preocupa o emprego da categoria é investir pesadamente em canais de atendimento com mais tecnologia e IA (Inteligência Artificial).
O técnico do Dieese disse ainda que, Para implementar seu Plano Estratégico, o Bradesco dividiu a operacionalização da empresa em dois setores: Run the Bank (que se ocupa de manter o funcionamento do banco) e Change the Bank (com uma equipe empenhada em pensar e implementar as mudanças no banco). Além disso, fez mudanças em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de negócios digitais e a de Recursos Humanos.
“A mudança no RH deixa ainda mais claro que o banco pretende mudar a gestão de pessoas”, destacou Gustavo, em matéria do site da Contraf-CUT. .
O economista destacou que o banco já começou a recuperar seus patamares de lucro: o resultado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões) já foi 46% maior que o do quarto trimestre de 2023. E a inadimplência, que chegou a ser de 6,7% para PF entre 2022 e 2023, também está voltando a patamares mais próximos da média do setor bancário. Mas o emprego continua diminuindo no banco: em um ano foram 578 postos de trabalho a menos; em dois anos foram extintos 1.854 empregos e, desde 2016, são 23.159 postos de trabalho fechados.
Campanha Nacional
Em resposta à reestruturação do Bradssco foi aprovado no Encontro como eixo de luta: a realização de uma campanha nacional em defesa do emprego, contra o fechamento de agências, e de combate as metas abusivas e melhorias no plano de saúde dos funcionários.