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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Bradesco, segundo maior banco privado do sistema financeiro nacional, lucrou no 4º trimestre de 2023, R$2,878 bilhões. O resultado representa um crescimento extraordinário nos ganhos em relação ao mesmo período do ano passado, com aumento de 80% (R$1,595 bi).
Para Almir Aguiar, diretor do Sindicato e secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, "apesar do trabalho duro dos funcionários para garantir lucros cada vez maiores para a instituição, o Bradesco não valoriza seus empregados, ao contrário, intensifica o processo de extinção de agências físicas, demite em massa e, para quem escapa das dispensas, a situação é desesperadora”.
“O banco cobra metas desumanas, inclusive com prática de assédio moral e todo o tipo de pressão psicológica, eleva a sobrecarga de trabalho nas agências e faz pouco caso dos clientes e usuários, que com a redução de unidades físicas e de funcionários, sofre com um atendimento à população cada vez mais precário”, ressalta Almir.
Mesmo levando-se em consideração apenas o lucro líquido contábil, o crescimento é exponencial, de 18,5%, com um resultado de R$1,702 bi, frente aos R$1,437 bi do mesmo período do ano anterior.
Estratégia da PDD
No ano, o lucro líquido recorrente foi de R$ 16,3 bilhões. Apesar do número ser 21,2% menor que o do ano de 2022 há uma explicação para a "queda" no resultado: o PDD (Provisão para Devedores Duvidosos).
“É preciso levar em consideração a velha estratégia dos banqueiros com a chamada PDD, uma grana absurda que as instituições financeiras deixam em seus próprios cofres, mas não computam estes valores nos lucros oficiais sob a alegação de riscos de calote. Os bancos só não revelam à opinião pública que a inadimplência alta no país é fruto dos juros que o setor impõe à economia brasileira, através do representante do cartel do sistema financeiro, Roberto Campos Neto, que preside o Banco Central, instituição responsável pela política cambial e de juros”, explicou Geraldo Ferraz, diretor executivo da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato.
Funcionários desvalorizados
O banco registrou ainda R$ 1,175 bilhão em efeitos não recorrentes. Destes, R$ 570 milhões foram destinados a uma provisão para a reestruturação, em especial na rede de agências. Trata-se de um primeiro passo do plano estratégico que o novo presidente, Marcelo Noronha, está implementando.
“Vamos cobrar para que faça parte também da estratégia da nova gestão do Bradesco, a valorização dos funcionários”, destaca Geraldo.
O balanço é o primeiro divulgado pelo banco sob a gestão de Marcelo Noronha, que assumiu a presidência em novembro do ano passado. No entanto, apesar do crescimento nos ganhos, o tratamento do Bradesco para com funcionários e clientes não mudou: vai de mal a pior.
“O tratamento do Bradesco dado aos seus funcionários, que são quem constroem todo este lucro e riqueza da instituição e garantem uma fortuna de lucros e dividendos para os executivos do banco, é o pior possível. Demissões, pressão e assédio moral por metas desumanas que adoecem cada vez mais a categoria, desvalorização e desmotivação e nenhuma consideração para com os seus clientes, especialmente os mais idosos, que precisam do atendimento presencial nas agências”, criticou Almir.
Exploração e adoecimento
Para Geraldo Ferraz, os lucros do banco crescem à custa de muita exploração, dispensas em massa e redução de agências físicas.
“As previsões feitas pelo Bradesco para 2024 são de um novo crescimento nos lucros, mas estes resultados não podem ser conquistados através do adoecimento dos bancários e de mais demissões. O Sindicato recebe denúncias rotineiras de funcionários que estão à base de remédios tarja preta por causa da pressão por metas”, completou.