Terça, 24 Outubro 2023 16:50
DADOS PREOCUPAM

Luta em defesa do emprego precisa da participação de toda a categoria junto aos sindicatos

Bancos prosseguem com demissões em massa. Emprego cai no setor pelo 11⁰ mês consecutivo

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Com informações da Contraf-CUT 

A política desumana dos bancos, um dos setores mais lucrativos do país, de extinguir agências físicas e eliminar empregos apresenta números alarmantes este ano. Segundo a Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) de outubro de 2023 o fechamento de vagas no setor bancário se manteve pelo 11º mês consecutivo. De outubro de 2022 a agosto de 2023, foram extintas 5.982 vagas.

Desde junho, porém, houve uma redução no ritmo de dispensas, apontando para uma relativa estabilidade.

Sindicato faz sua parte

As entidades sindicais têm feito o que podem para enfrentar este desafio vivido pela categoria,  promovendo manifestações e campanhas nas redes sociais para denunciar a situação à sociedade, protocolando denúncias no Ministério Público do Trabalho e reintegrando funcionários através de processos na Justiça Trabalhista. 

"Temos feito tudo o que está ao alcance do movimento sindical, disponibilizando toda a nossa estrutura, inclusive lutando por reintegrações através do Departamento Jurídico. Mas só iremos conseguir enfrentar esta política de demissões em massa dos bancos com a unidade, a participação e a mobilização da categoria nas atividades de organização de luta dos trabalhadores", disse o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira. 

A redução no ritmo de demissões pode apontar redução na extinção de mão de obra para os próximos meres. Neste ano, a redução de vagas ultrapassou a casa de 5,4 mil, enquanto nos últimos 12 meses chegou aos 5,8 mil.

Caixa amplia vagas

A boa notícia em agosto vem dos bancos comerciais, os múltiplos sem carteira comercial e da Caixa, Econômica Federal que juntos, ampliaram em 313 vagas, 265 delas apenas pela estatal. Os bancos múltiplos com carteira comercial, classificação que engloba a maior parte dos bancos privados e o Banco do Brasil, por outro lado, fecharam 341 vagas. No ano, esse mesmo recorte do setor eliminou 5.516 vagas e nos últimos 12 meses apresentou resultado negativo de 5.754.

Mais contratações no Rio

Houve mais contratação do que demissão em 18 das 27 unidades da federação, com cenário mais favorável na Bahia (115 vagas), Rio de Janeiro (66) e Amazonas (35). O contrário se deu em nove estados, com destaque para São Paulo (menos 564 vagas), Minas Gerais (86) e Paraná (11). De janeiro a agosto, o número de postos fechados só em São Paulo passou dos 2,9 mil, ou 53,7% do saldo negativo de todo o país.

Mulheres dispensadas

Em agosto, o resultado negativo se deu exclusivamente entre mulheres, com o fechamento de 187 vagas. Entre homens ocorreu a abertura de 141 vagas, o que revela a discriminação de gênero no mercado de trabalho do setor.

A contratação de homens foi 10,7% superior à de mulheres, e os desligamentos, por outro lado, foi 7,6% maior entre elas.

"Os números voltam a confirmar que as mulheres continuam sendo discriminadas no trabalho do setor bancário e isto é inaceitável ", declarou a vice-presidenta do Sindicato do Rio,  Kátia Branco. 

Por idade

Em relação à idade, houve ampliação de 1030 vagas entre os profissionais com até 29 anos, registrou-se ampliação de 1.030 vagass. Já nas faixas etárias superiores, a movimentação foi inversa, com fechamento de 1.076 postos. A maior proporção de contratados foi entre homens de até 29 anos (29,5%), seguido de mulheres dessa mesma faixa (26,6%). As demissões foram mais acentuadas para mulheres acima de 30 anos (35,1%), seguida por homens acima de 30 anos (35,1%). 

Remuneração menor 

Os bancos privados mantêm a estratégia de alta rotatividade,  demitindo bancários com mais tempo de casa, que possuem renda média e contratando novos empregados,  com salários inferiores, tudo para reduzir custos e elevar ainda mais os lucros.  O salário mensal médio do bancário admitido em agosto foi de R$ 5.249, 72,78% daquele que foi desligado, que era de R$ 7.212.

O sistema financeiro segue na contramão do crescimento econômico do Brasil que tem gerado mais empregos formais. E está,politica de Para o secretário, “ao fechar postos de trabalho de forma contínua, impondo à categoria uma insegurança social brutal, o sistema financeiro não caminha no sentido do que prega a Constituição Federal”.

 Ramo Financeiro

No ramo financeiro, excluída a categoria bancária, em agosto houve a abertura de 2.255 postos. Nos últimos 12 meses, foram criadas 15,8 mil vagas, média de 1,3 mil por mês. As atividades que mais contrataram foram plano de saúde (869), crédito cooperativo (821) e administração de cartões de crédito (159).

 Brasil gera empregos 

Se o sistema financeiro extingue empregos, o Brasil, de uma forma geral apresentou expansão do emprego formal em agosto de 2023, de 220.844 postos, com 2.099.211 admissões e 1.878.367 demissões. O saldo foi positivo em todos os grandes swtores econômicos: serviços (114.439 postos), comércio (41.843), indústria (31.086), construção (28.359) e agropecuária (5.126).

Muitos desempregados

Apesar de sinais de melhoras na economia e de geração de mais empregos, o número de desempregados é ainda muito alto. No trimestre de junho a agosto de 2023, a taxa de desocupação foi de 7,8%, (8,4 milhões de desempregados), a subutilização da força de trabalho foi estimada em 17,7% (20,2 milhões de pessoas) e o contingente de pessoas desalentadas ultrapasaou os 3,6 milhões.

 A PEB é realizada pela Rede Bancários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Mídia