Quinta, 15 Dezembro 2022 12:29

Bancada do PT na Câmara dos Deputados repudia venda de prédio do Banco do Brasil no Rio de Janeiro

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados elaborou uma nota oficial a ser divulgada ainda esta semana repudiando a venda do prédio do Banco do Brasil situado na Rua Senador Dantas, no Rio de Janeiro, conhecido como Sedan. O leilão foi marcado para ser realizado em 20 de dezembro, dez dias antes da posse do novo governo, tendo sido a data definida em 28 de novembro, portanto, após o resultado do segundo turno das eleições, pressa que levantou suspeitas.

No documento, os parlamentares lembram que é fundamental garantir a transparência e a lisura do processo para que não haja prejuízo do patrimônio público em detrimento de terceiros. Os parlamentares frisam que os rumores da venda do prédio e a locação de um novo espaço começaram a circular em 2020.

Levantam, ainda, uma questão estranha envolvida na transação que é a mudança das dependências do Sedan para um prédio alugado pelo BB pertencente ao BTG Pactual. O banco privado foi fundado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes. “O novo espaço a ser locado seria no prédio Ventura Coporate, administrado pelo BR Properties e pelo BTG Pactual”, assinala.

O BTG participou de outra operação nebulosa, tendo sido responsável pela compra de uma carteira de crédito do BB de R$ 2,9 bilhões por R$ 371 milhões. O negócio está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Corregedoria Geral da União (CGU).

Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), falou sobre a importância da decisão dos parlamentares. "O documento é fundamental porque exige que uma operação como esta, deste porte, para ser concretizada tem que ser com transparência e a máxima garantia de que será em benefício do BB e não para beneficiar terceiros", enfatizou.

Evasivas de Guedes

A nota de repúdio do PT lembra ainda que em 2020 a deputada Gleise Hoffmann questionou, formalmente, o ministro da Economia sobre a venda e a locação. “A resposta foi genérica e evasiva, informando, que não havia contrato de locação do imóvel. No entanto, a locação foi efetivada em junho de 2021. Após reformas em 2022, vários setores foram transferidos para o espaço locado”, frisam os parlamentares na nota oficial.

Sindicato denuncia transação

Lembra o documento que em 28 de novembro, após o resultado das eleições, foi anunciado o leilão do prédio do Sedan, no dia 20 de dezembro, com lance mínimo de R$ 311 milhões. “Após a denúncia do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro de suspeitas de irregularidades, pela forma açodada e pela falta de transparência na operação, o leilão foi suspenso a pedido do Banco do Brasil para a revisão do edital. A suspensão, no entanto, não indica cancelamento ou adiamento do leilão”, frisa o documento.

Além das denúncias em matérias, o Sindicato enviou as informações sobre o leilão ao deputado eleito Reimont (PT-RJ) e ao Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), João Fukunaga. Reimont é um dos deputados que assina o documento do PT. O objetivo do Sindicato foi o de encontrar formas de impedir o leilão.

Picaretagem

A venda do prédio vem sendo debatida em Brasília. Em pronunciamento na terça-feira (13/12) última, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), condenou o leilão do Sedan, o mais importante prédio do BB no Rio de Janeiro. Chamou de picaretagem o leilão às vésperas da posse do novo governo.

“O Banco do Brasil tem um prédio de mais de R$ 300 milhões no Centro do Rio de Janeiro. Aí, o governo de Bolsonaro resolve vender, levar a leilão o prédio, agora, no dia 20 de dezembro, final de governo. Os trabalhadores do banco estão indo para um outro prédio alugado. De quem? Do BTG Pactual, fundado por Paulo Guedes. Desculpa, não tem outra palavra, o nome disso é picaretagem”, afirmou.

Acrescentou que o PSOL está estudando as ações possíveis para evitar o leilão. “Este absurdo não pode ocorrer”, avaliou.

Haddad: governo eleito tem de ser consultado

Durante coletiva à imprensa, também na terça-feira, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que num momento de transição o governo eleito deveria ser consultado sobre a venda.

“Como princípio eu acho que o governo atual deveria consultar o governo eleito sobre qualquer decisão, sobretudo decisões importantes, não as ordinárias, como a manutenção da máquina funcionando, mas estas questões mais cruciais, como licitações, venda de patrimônio, tudo isto poderia ser objeto de uma discussão. E se o governo eleito entender que não é o caso, deveria ser atendido”, afirmou.

Hadadd acrescentou que o debate sobre tomada de decisões relevantes entre governos que se sucedem tem de ocorrer num regime democrático, sem pressa. “É o que eu faria. Acho que o governo tem que consultar, este é o procedimento democrático e aquilo que tiver acordo, toca. Acho errado não seguir este protocolo”, afirmou.

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