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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Na primeira entrevista coletiva que concedeu como futuro ministro da Fazenda, na terça-feira (13/12), Fernando Haddad disse entender que a venda do prédio do Banco do Brasil da Senador Dantas, conhecido como Sedan, deveria passar por uma consulta ao novo governo. Na coletiva falou também sobre a escolha de nomes a ele subordinados para compor a pasta, a PEC que assegura recursos para despesas sociais não previstas no Orçamento da União por Bolsonaro, e o gasto escandaloso de recursos públicos durante as eleições, por parte do atual governo.
“Como princípio eu acho que o governo atual deveria consultar o governo eleito sobre qualquer decisão, sobretudo decisões importantes, não as ordinárias, como a manutenção da máquina funcionando, mas estas questões mais cruciais, como licitações, venda de patrimônio, tudo isto poderia ser objeto de uma discussão. E se o governo eleito entender que não é o caso, deveria ser atendido”, afirmou.
O petista, ex-ministro da Educação de Lula e ex-prefeito de São Paulo, falou a jornalistas na entrada do hotel onde ele e Lula estão hospedados, em Brasília, o Meliá Brasil 21. Antes, Haddad havia tido uma reunião com representantes do Banco Mundial. A transação envolvendo o prédio do BB foi um dos pontos da coletiva à imprensa.
Pressa e favorecimento
Hadadd acrescentou que o debate sobre tomada de decisões relevantes entre governos que se sucedem tem de ocorrer num regime democrático, sem pressa. “É o que eu faria. Acho que o governo tem que consultar, este é o procedimento democrático e aquilo que tiver acordo, toca. Acho errado não seguir este protocolo”, afirmou.
O leilão de venda do Sedan estava marcado para acontecer no dia 20 de dezembro, em São Paulo, mas foi suspenso no fim da semana passado, após o Sindicato ter denunciado a transação na terça-feira e entrado em contato com o deputado eleito Reimont (PT-RJ) e o Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), João Fukunaga. A alegação foi a de que era preciso rever o texto do edital do leilão. A suspensão não significa, a princípio, que o leilão não será realizado na data prevista.
Para o Sindicato, causa estranheza a venda do imóvel a dez dias da posse do novo governo e já no apagar das luzes do atual. A definição da data do leilão aconteceu em 28 de novembro, portanto, após a derrota de Bolsonaro, o que reforça a ideia de que existe uma pressa que pode esconder interesses outros que não o do banco público e da sociedade brasileira.
BTG Pactual
Outro grave problema é que a operação de venda beneficia o BTG Pactual, banco de estreitas ligações com o ainda ministro da Economia Paulo Guedes, a quem o BB é subordinado. É que o banco privado, do qual Guedes foi sócio-fundador, é proprietário do Condomínio Ventura Corporate, no Rio de Janeiro, para onde estão sendo transferidas as dependências do Sedan e da Asset Management do BB (ex-BBDTVM).
O Ventura pertencia a Projeto Rio Empreendimentos e foi comprado pelo BTG e pela BR Properties por R$ 680 milhões. O BTG esteve envolvido em outra transação suspeita com o BB, tendo comprado por R$ 371 milhões a carteira de créditos de devedores inadimplentes do banco público de R$ 2,9 bilhões. A transação passou a ser investigada pelo Ministério Público do Tribunal de Contas da União e pela Corregedoria-Geral da União (CGU).