Quarta, 14 Dezembro 2022 15:50

Haddad defende que venda do prédio Sedan do Banco do Brasil passe por consulta ao novo governo

Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda do governo Lula Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda do governo Lula

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Na primeira entrevista coletiva que concedeu como futuro ministro da Fazenda, na terça-feira (13/12), Fernando Haddad disse entender que a venda do prédio do Banco do Brasil da Senador Dantas, conhecido como Sedan, deveria passar por uma consulta ao novo governo. Na coletiva falou também sobre a escolha de nomes a ele subordinados para compor a pasta, a PEC que assegura recursos para despesas sociais não previstas no Orçamento da União por Bolsonaro, e o gasto escandaloso de recursos públicos durante as eleições, por parte do atual governo.

“Como princípio eu acho que o governo atual deveria consultar o governo eleito sobre qualquer decisão, sobretudo decisões importantes, não as ordinárias, como a manutenção da máquina funcionando, mas estas questões mais cruciais, como licitações, venda de patrimônio, tudo isto poderia ser objeto de uma discussão. E se o governo eleito entender que não é o caso, deveria ser atendido”, afirmou.

O petista, ex-ministro da Educação de Lula e ex-prefeito de São Paulo, falou a jornalistas na entrada do hotel onde ele e Lula estão hospedados, em Brasília, o Meliá Brasil 21. Antes, Haddad havia tido uma reunião com representantes do Banco Mundial. A transação envolvendo o prédio do BB foi um dos pontos da coletiva à imprensa.

Pressa e favorecimento

Hadadd acrescentou que o debate sobre tomada de decisões relevantes entre governos que se sucedem tem de ocorrer num regime democrático, sem pressa. “É o que eu faria. Acho que o governo tem que consultar, este é o procedimento democrático e aquilo que tiver acordo, toca. Acho errado não seguir este protocolo”, afirmou.

O leilão de venda do Sedan estava marcado para acontecer no dia 20 de dezembro, em São Paulo, mas foi suspenso no fim da semana passado, após o Sindicato ter denunciado a transação na terça-feira e entrado em contato com o deputado eleito Reimont (PT-RJ) e o Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), João Fukunaga. A alegação foi a de que era preciso rever o texto do edital do leilão. A suspensão não significa, a princípio, que o leilão não será realizado na data prevista.

Para o Sindicato, causa estranheza a venda do imóvel a dez dias da posse do novo governo e já no apagar das luzes do atual. A definição da data do leilão aconteceu em 28 de novembro, portanto, após a derrota de Bolsonaro, o que reforça a ideia de que existe uma pressa que pode esconder interesses outros que não o do banco público e da sociedade brasileira.

BTG Pactual

Outro grave problema é que a operação de venda beneficia o BTG Pactual, banco de estreitas ligações com o ainda ministro da Economia Paulo Guedes, a quem o BB é subordinado. É que o banco privado, do qual Guedes foi sócio-fundador, é proprietário do Condomínio Ventura Corporate, no Rio de Janeiro, para onde estão sendo transferidas as dependências do Sedan e da Asset Management do BB (ex-BBDTVM).

O Ventura pertencia a Projeto Rio Empreendimentos e foi comprado pelo BTG e pela BR Properties por R$ 680 milhões. O BTG esteve envolvido em outra transação suspeita com o BB, tendo comprado por R$ 371 milhões a carteira de créditos de devedores inadimplentes do banco público de R$ 2,9 bilhões. A transação passou a ser investigada pelo Ministério Público do Tribunal de Contas da União e pela Corregedoria-Geral da União (CGU).

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