Sexta, 11 Novembro 2022 16:51

Com Bolsonaro Banco do Brasil priorizou o lucro deixando de lado seu caráter social

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Ao comentar novo recorde de lucro semestral do Banco do Brasil, o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), João Fukunaga, disse que o desempenho positivo é importante, pois diz respeito à saúde da entidade. Mas os lucros astronômicos reforçam a destituição do caráter público do BB no governo Bolsonaro.

De julho a setembro, o lucro líquido foi de R$ 8,4 bilhões, aumento de 62,7% em relação ao mesmo período de 2021. Nos nove meses de 2022, o lucro líquido ajustado do BB atingiu R$ 22,72 bilhões, crescimento de 50,9% em relação ao período imediatamente anterior.

“Em governos anteriores, o banco já apresentou lucros consideráveis, garantindo o pagamento dos acionistas e não perdendo sua função pública, pelo contrário, aumentou o número de agências e o nível de bancarização no país”, explicou, frisando que “o papel dos bancos públicos é auxiliar o Estado no crescimento de setor produtivo, infraestrutura e redução das desigualdades, a partir da oferta de crédito a juros mais baixos para as famílias, microempreendedor, pequenos empresários e agricultores”.

Número insuficiente de funcionários 

Ressaltou que, durante a gestão Fausto Ribeiro, atual presidente do BB, e de Carlos Motta, vice-presidente de Negócios de Varejo (área do banco responsável por definir as metas), o movimento sindical registrou um aumento de casos de adoecimento de bancários, seja por conta de assédio moral para alcançar metas “em níveis abusivos”, seja pela redução de postos de trabalho, ocasionando sobrecarga e acúmulo de funções aos bancários mantidos.

“Nossa expectativa, a partir de 2023, é que, junto à valorização do BB como banco público, ocorra o aumento de funcionários, impactando inclusive na realidade dos funcionária do banco, submetidos a sobrecarga de trabalho por causa do enxugamento de postos”, afirmou.

De costas para a população

Junto com o anúncio do resultado trimestral, feito na quarta-feira (9/10), o BB informou ter aprovado a distribuição de mais de R$ 486,6 milhões a título de remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos e mais de R$ 1,8 bilhão sob a forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP), ambos relativos ao terceiro trimestre de 2022.

Fukunaga observou, com base neste e nos relatórios financeiros dos últimos quatro anos, “um BB mais preocupado em apresentar recordes de lucro para atender apenas interesses de acionistas”. E, nos últimos meses deste ano, uma “aceleração da apresentação de resultados e pagamento de dividendos” de empresas estatais. “O lucro em empresas públicas é bem-vindo. Mas a que custo ele ocorre, sobretudo neste momento, de final de mandato?”, questionou.

Lucro X estagnação econômica

“É curioso que, diante de uma economia patinando, aumento da miséria e índice de famílias brasileiras com contas em atraso passando dos 30% [de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo/CNC], a prioridade de um banco público como o BB seja agir como qualquer banco privado, para atender expectativas de acionistas”, pontuou ainda.

Fukunaga frisou que existem “várias maneiras de aproveitar o BB para combater a crise econômica, sendo uma delas a redução dos spreads bancários [a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que eles cobram nos empréstimos a seus clientes]”, lembrando que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já declarou propostas para que os bancos públicos voltem a ajudar famílias e microempresários endividados.

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