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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Foto e arte: Contraf-CUT
Imprensa SeebRio
Mesmo com lucro de R$ 7,8 bilhões, 18% superior ao primeiro trimestre de 2022 e 54,8% acima do segundo trimestre de 2021, nas negociações o Banco do Brasil tem chorado uma miséria de dar pena. E não foi diferente na rodada sobre cláusulas sociais do acordo específico que aconteceu nesta quarta-feira (17/8). Foi a oitava reunião de negociação.
Os representantes do BB disseram não às reivindicações encaminhadas pela Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), entre elas a volta da venda das faltas abonadas, abono de dias para funcionários com deficiência (PCD) para tratamento e até para licença adoção. Desde 2021, o BB não permite o acúmulo ou venda das “faltas abonadas”. Os bancários têm até 31 de agosto para usufruir das folgas, caso não o façam são automaticamente incluídas nas férias.
O abono é um dia trabalhado não pago. O atendimento a essa demanda, mais do que justa, traria um custo irrisório que não faria nem cócegas no bilionário lucro do BB. Mesmo assim a resposta foi negativa. Segundo a porta-voz do banco, até 31 de agosto do ano passado, 47% das faltas abonadas foram cumpridas. “Este ano, estamos em 73%. Entendemos que houve uma evolução. A proposta é que a clausula atual seja mantida do jeito que está”, disse.
O banco argumentou ainda que os dias não folgados até 31 de agosto, continuarão a ser utilizados somente nas férias. A CEBB ponderou que mesmo que exista esta possibilidade a conversão em espécie seria uma opção útil para os funcionários.
PCD e licença adoção: não
Atualmente, os funcionários têm a falta abonada quando a ausência é para levar o filho com deficiência ao médico no horário de trabalho. Mas os próprios funcionários PCDs não têm garantido esse direito. “Essa é uma distorção que precisa ser corrigida”, destacou o coordenador da CEEB, João Fukunaga. Outra reivindicação foi a de licença maternidade e paternidade em caso de adoção.
No entanto, mesmo nestas questões óbvias, o BB mostrou total falta de sensibilidade. A resposta sobre os dois pedidos, tanto de abono para falta dos PCDs quanto para o período de aproximação de pais adotivos de seus filhos, foi negativa. “Não podemos garantir um avanço agora. Mas há uma sensibilidade para os temas”, amenizou a porta-voz da empresa.
Fukunaga lembrou que a Justiça determina um período de aproximação entre os pais e as crianças adotadas, pois entende que é uma necessidade básica, sobretudo da criança. “O banco deve conceder o abono para faltas enquadradas nessa questão. Se isso não ocorrer, vamos ter que partir para denúncias ao MPT a cada caso que chegar a nós. Essa dificuldade, imposta por norma interna do próprio banco, é desumana para os dois lados, trabalhador e criança”, adiantou Fukunaga.
BB ameaça piorar a GDP
Sobre a GDP, a CEBB voltou a frisar ser contra qualquer mudança no programa de ciclos avaliatórios. Na negociação anterior, o banco havia apresentado um plano para reduzir os atuais três ciclos para um ciclo avaliatório que teria como consequência a perda da comissão.
“Somos absolutamente contrários a essa alteração. Como pontuamos na reunião anterior, para ficar mais justo, os três ciclos de avaliação precisam ser estendidos para todos os cargos, incluindo aos gerentes-gerais”, disse João Fukunaga. “A redução do GDP aumentaria o risco de pressão e assédio moral sobre os trabalhadores”, completou.
Demais reivindicações da CEBB
Foram apresentadas também as seguintes reivindicações: licença para os trabalhadores que estão em um relacionamento homoafetivo, quando for reconhecida a união estável; licença para participar de competições, não apenas aos funcionários que integram Seleção Brasileira, ou equipe esportiva da AABB ou Satélite Esporte Clube, mas também para os que atuam como árbitros nas competições; e descanso remuneração de 60 dias para mulheres em caso de aborto e natimorto comprovados por atestado médico.
Em relação à Previ, apoio à pauta específica entregue pelos trabalhadores para o fundo de previdência complementar; Cassi – apoio à pauta específica entregue pelos trabalhadores à caixa de assistência; correção dos valores do PAS (programa de assistência social); melhora nas condições de trabalho dos atendentes do CRBB. E ainda aumento no auxílio educação.
Quanto aos funcionários de bancos incorporados, a reivindicação é de que todos tenham acesso aos mesmos direitos dos demais colegas, incluindo acesso total aos planos da Cassi e Previ.
Outras áreas
Os funcionários levantaram problemas relacionados às condições de trabalho ou aplicação de direitos em diversas áreas, entre elas CRBB, PSO, e gerentes de serviço que atuam fora dos grandes centros e acabam acumulando funções. “O banco precisa dar atenção para os problemas que identificamos nesses vários cargos”, disse Fukunaga.
CEBB e banco concordaram em usar o espaço da mesa permanente de negociações para avançar nos temas específicos.
*Com informações da Contraf-CUT.