Terça, 09 Agosto 2022 20:15

CEBB cobra, na negociação do ACT, práticas de gestão que não gerem adoecimento

Olyntho Contente*

Foto e arte: Contraf-CUT

Imprensa SeebRio

Na negociação virtual desta terça-feira (9/8) sobre saúde e condições de trabalho os dirigentes da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) cobraram do Banco do Brasil instrumentos de gestão baseados no respeito à saúde e a vida do funcionalismo. “O banco precisa considerar que as condições de trabalho baseadas em metas abusivas e sobrecarga desencadeiam problemas de saúde, físicos e psíquicos, nos funcionários”, pontuou Rita Mota, diretora do Sindicato e representante Federa-RJ na CEBB.

“Não faltam evidências na literatura científica de que existem formas de gestão que adoecem os trabalhadores”, completou. A CEBB exigiu melhora nas condições de trabalho visando combater qualquer tipo de prática de gestão que leve ao adoecimento.

Foi reivindicado do BB, também, que crie mecanismo de apoio aos funcionários que por adoecimento, seja físico, ou psíquico, fiquem, por isto mesmo, sem condições de resolver os procedimentos burocráticos que garantam o pagamento de benefício. “Há casos em que os funcionários acabam sem receber seus benefícios integralmente porque, pela própria patologia, têm limitações, não conseguindo cumprir todos os trâmites burocráticos”, explicou Rita Mota.

Acúmulo de função

A situação dos gerentes de serviço que estão acumulando funções, exercendo, paralelamente, tanto atividades de vendas quanto de caixas, também foi levantada pelos representantes dos funcionários. “Além da insegurança de ter que lidar com dois tipos de serviço, sendo um deles o controle de caixas, esse grupo de funcionários não recebe adicional de função”, destacou Fernanda Lopes, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na CEBB. Sobre essa questão, o banco respondeu que a gerência de serviços nas agências mistas são “uma nova modalidade”.

Déficit da Cassi e incorporados

Uma questão igualmente relevante foi quanto à solução do déficit da Cassi. “Precisamos iniciar um diálogo com as entidades representativas e com o patrocinador, que é o banco, antes que essa questão da saúde financeira da Cassi se torne um problema ainda maior. Nossa experiência mostra que a saída está no diálogo e na negociação”, pontuou Fernanda Lopes.

Outro item importante tratado na negociação foi a necessidade de assegurar aos funcionários de bancos incorporados, aposentados, ou não, os serviços prestados pela Cassi. A CEBB lembrou que a reforma estatutária da Caixa de Assistência, realizada em 2020, contém mecanismos para receber os funcionários dos incorporados.

Os representantes do banco afirmaram que “as conversas da mesa, sobre a Cassi, são complexas e envolvem vários atores”, dos quais o BB depende para prosseguir com o encaminhamento das reivindicações, completando que “a resposta às demandas não depende única e exclusivamente do banco”.

Descaso

“É vergonhoso o fato de, passados dois anos, os trabalhadores dos bancos incorporados ainda estarem fora da Cassi. Estamos falando de um descaso muito grande com quase 14 mil aposentados só do Economus (plano de saúde da antiga Caixa Econômica do Estado de São Paulo)”, observou Getúlio Maciel, representante da Fetec-CUT/SP na CEBB.

“A situação atual do Economus é gravíssima. Os funcionários, aposentados e da ativa, foram expulsos do Feas (Fundo Economus de Assistência Social). Alguns conseguiram entrar em um plano mais barato, outros têm apenas o SUS”, destacou ainda a representante da Feeb-SP/MS na CEBB, Elisa Figueiredo.

“Temos casos, e não são poucos, de trabalhadores que 40% da aposentadoria são gastos em saúde, outra parte, algo em torno de 25%, paga o saldo do plano de benefícios do Economus. Considerando ainda o desconto dos impostos, eles vivem com cerca de 30% da aposentadoria. É uma redução muito drástica nos rendimentos. A pessoa se sente abandonada pela empresa”, destacou Getúlio Maciel.

Manutenção de todas as cláusulas

Também foi dito que existe a intenção do banco de fazer a renovação do ACT vigente, com exceção de dois pontos: a cláusula 21, sobre complementação de auxílio doença previdenciário e auxiliou acidentário; e a cláusula 38, que aborda intervalo para descanso de digitadores. “Vamos apresentar as propostas sobre essas duas cláusulas logo após a Fenaban apresentar a pauta global ao Comando Nacional dos Bancários”, prometeu a porta-voz do BB.

Elisa questionou a resposta do banco sobre não prosseguir com encaminhamento das reivindicações feitas na mesa desta terça sem a participação direta da Cassi. Ela lembrou que boa parte das negociações alcançadas na entidade de assistência à saúde foram, inicialmente, encaminhadas nas negociações entre CEBB e BB.

“A estratégia saúde da família foi negociada aqui, o auto patrocínio foi negociado aqui, por exemplo. Primeiro realizamos negociações aqui para depois entregar à governança da entidade de saúde, porque lá temos os eleitos e os indicados do BB, que não são autônomos, são um braço do banco dentro da Cassi”, completou.

Demais reivindicações

Outros pontos ressaltados pela CEBB, relativos à Saúde e Condições de Trabalho foram: assistência odontológica via Cassi para todos os funcionários, incluindo dos bancos incorporados; expansão da atenção aos trabalhadores com doenças crônicas; investimento para ampliar a Estratégia Saúde da Família; e ampliação da lista de medicamentos do Programa de Assistência Farmacêutica (PAF).

*Com informações da Assessoria de Comunicação da Contraf-CUT.

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