Sexta, 10 Junho 2022 17:30

Sindicatos precisam de renovação para alcançar bancários mais jovens

Participantes do 33º Congresso Nacional dos Funcionários do BB concordam que é necessário haver uma renovação nos quadros do movimento sindical
A participação dos jovens no mercado de trabalho e no movimento sindical foi tema do 33º Congresso Nacional dos Funcionários do BB A participação dos jovens no mercado de trabalho e no movimento sindical foi tema do 33º Congresso Nacional dos Funcionários do BB

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O 33º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil realizou, na manhã desta sexta-feira (10), o encontro sobre juventude e o acesso dos jovens ao trabalho e a renda, no último pinel do encontro.  
Na avaliação dos dirigentes sindicais mais jovens, o movimento sindical precisa ser renovado, pois a nova geração de sindicalistas teria mais facilidade de chegar à juventude de trabalhadores bancários.  Lucimara Malaquias, presidenta da UNI Américas Juventude, concorda com esta tese.

“O movimento sindical precisa de mudanças drásticas para se aproximar desses jovens que consideram o movimento sindical ultrapassado. Eles não se sentem representados, incorporaram o discurso do banco de que não precisam do movimento sindical e de que eles podem ficar ricos individualmente”, prosseguiu Lucimara, que criticou a falta de renovação nos sindicatos.

“Não existem jovens na grande maioria das nossas direções sindicais”, criticou.
A advogada criminalista e vereadora de São Paula Paula Nunes (PSOL) criticou o discurso da extrema-direita de que “os jovens não gostam de trabalhar”.

“Ao contrário, os jovens mais pobres trabalham desde muito cedo e em trabalhos muito precários”, esclareceu. A parlamentar citou os milhares de jovens brasileiros que trabalham em aplicativos de alimentação, como I-food.

“Hoje, o destino da juventude brasileira é estar em cima de uma bicicleta, alugada de um banco privado, trabalhando em média 12 horas por dia, sem tempo sequer para descansar esse alimentar”, disse, criticando a precarização do trabalho no Brasil, nos últimos anos.

 “É preciso olhar para essa juventude que não consegue chegar a universidade e sequer tem acesso ao trabalho formal, vivendo da informalidade”, destacou criticando a triste realidade de metade da população economicamente ativa que está no mercado informal.

Cristiana Paiva, secretária de Juventude da CUT Nacional, também falou sobre a importância de os sindicatos garantirem mais espaços para os jovens. “Jamais o jovem é cogitado para assumir uma presidência, uma secretaria geral ou algo do tipo, com a justificativa de que ele não tem experiência”, disse, mostrando que o movimento sindical dá a mesma justificativa do mercado de trabalho para não dar oportunidades aos mais jovens.

O mito da meritocracia

O Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego na faixa de 16 a 24 anos, chegando a de 31%.

Lucimara Malaquias destacou que, no Brasil, dois grandes grupos de jovens se destacam: “O periférico, que se vê obrigado a trabalhar no Ifood, Uber, ocupações precarizadas, sem acesso à cultura e a qualificação profissional e outro grupo altamente capacitado que, no ambiente bancário entra preparado, com salário acima do que ganha 80% da classe trabalhadora no país e que “incorpora” o discurso neloiberal da “meritocracia”.

“Este jovem bancário vê a PLR, por exemplo, como mérito e não como uma conquista da luta coletiva da categoria e do movimento sindical”, afirmou Lucimara.
Muitos dos jovens hoje são empurrados, em seu primeiro emprego, para a pejotização e terceirização, como no caso do banco Santander, que contratando trabalhadores fora da carteira de trabalho, chamando-os de “sócios”, com salários irrisórios se comparados a alta lucratividade do grupo espanhol.  

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