Sábado, 11 Dezembro 2021 00:29

Guedes deve explicações sobre entrega de carteira de R$ 2,9 bilhões do BB ao BTG

Controladoria-Geral da União (CGU) diz que operação não teve “planejamento estruturado” e nem as “devidas justificativas”
A QUEM INTETRESSA? - Paulo Guedes é fundador do BTG Pactual (o “G” é de Guedes) e causou estranheza até para os mercados, a entrega do BB de uma carta de crédito de R$2,9 bilhões ao banco privado. CGU diz que faltaram planejamento e gerenciamento dos riscos A QUEM INTETRESSA? - Paulo Guedes é fundador do BTG Pactual (o “G” é de Guedes) e causou estranheza até para os mercados, a entrega do BB de uma carta de crédito de R$2,9 bilhões ao banco privado. CGU diz que faltaram planejamento e gerenciamento dos riscos

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O ministro da Economia Paulo Guedes e a direção do Banco do Brasil devem explicações à sociedade sobre a estranha entrega de uma carteira de crédito de R$2,9 bilhões da empresa pública para o BTG Pactual. Segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), feita em novembro deste ano, o BB realizou a operação, feita em 2020, sem fazer um “planejamento estruturado” e "sem as devidas justificativas" de mercado. Na época a transação causou estranheza em muita gente, até porque Guedes é fundador do banco BTG (o “G” da sigla é de Guedes).

A direção do BB nega irregularidades e diz ter “seguido rigorosos processos de governança”.

Estranha operação

Para o Sindicato dos Bancários do Rio a operação é no mínimo estranha e só beneficiou o banco privado.

“Causou muita estranheza o fato de o BB ceder uma carteira de crédito tão valiosa, avaliada em R$2,9 bilhões e todo mundo sabe que Guedes foi fundador e sócio do BTG Pactual”, disse o diretor do Sindicato, José Henrique.

Para a CGU, “o banco realizou uma operação piloto de cessão sem um plano diretor que a balizasse, sem demonstrar conhecer o mercado onde está se inserindo, tomou decisões sem as devidas justificativas e com um processo de gerenciamento de riscos superficial", concluiu o relatório da CGU.

“Nem o mercado engoliu a forma com que a direção do Banco do Brasil entregou de bandeja uma carteira tão valiosa para uma empresa do setor privado. A direção do BB alega que estes ativos só podem ser recuperados através de processos judiciais demorados e caros, de forma que esse tipo de ativo é chamado comumente no mercado como ‘carteira de créditos podres’, mas se o argumento da direção do banco faz sentido então porque o BTG adquiriu a carteira? Está na cara que a operação beneficiou o banco privado”, acrescenta Henrique.

Auditoria contradiz BB

O relatório da CGU integra a auditoria anual de contas do Banco do Brasil, feita pela CGU para avaliar a gestão da instituição de janeiro a dezembro de 2020. O BB enviou em 1º de julho de 2020 um comunicado informando que “a cessão da carteira ao BTG teria impacto financeiro de R$ 371 milhões”.

O Banco do Brasil afirmou que identificou, avaliou e mitigou os riscos envolvidos na operação, entretanto, a equipe de auditoria ressaltou que a ficha com os resultados da gestão da diretoria tem data de outubro de 2020, apenas três meses após o fechamento do negócio. “Está evidenciado que não houve um trabalho sistemático e documentado de gerenciamento de riscos”, concluem os auditores.

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