Segunda, 01 Novembro 2021 16:44

Banco do Brasil terceiriza atendimento à saúde mental sem ouvir funcionalismo

Os funcionários do Banco do Brasil e o movimento sindical estão preocupados com a criação de ferramentas de inteligência artificial e atendimento psicológico online pela Cassi. Os bancários defendem a ampliação da oferta de atendimento psicológico mas através de negociação com os trabalhadores. A decisão de terceirizar o atendimento, de modo online e sem dialogar com os sindicatos deixou os bancários preocupados.
“A parceria sequer foi apresentada ou discutida com as equipes técnicas da Cassi, o que representa risco para a evolução do modelo baseado na Atenção Integral. Foi uma iniciativa do Banco do Brasil que, depois, envolveu a Cassi. Os dirigentes da Cassi acabaram se submetendo, mais uma vez, às decisões do BB, aceitando a contratação sem uma discussão ampla com os próprios associados”, observou Fernanda Carisio, ex-presidenta do conselho deliberativo da Cassi.

Informações pessoais

O BB e a Cassi afirmaram que o acordo com a Vittude faz parte do pilar Apoio Psicológico do Programa Saúde Mental, “que está sendo bem recebido por todos os funcionários”. Os sindicalistas contestam essa informação, uma vez que a contratação da Vittude foi realizada por debaixo dos panos, sem dialogar com o movimento sindical, colocando em risco a proposta original do Programa Saúde Mental: O arquivamento e compartilhamento de informações pessoais dos funcionários em se tratando de uma empresa terceirizada e que tem um contrato 100% pago pelo banco, preocupa os bancários.
“O Programa Saúde Mental (PSM) da Cassi tem mais de 20 anos e começou com a criação de portas de entrada para a saúde mental, a partir de estruturas locais montadas nas unidades Cassi. Esse modelo está evoluindo para trabalhar com Linhas de Cuidado, organizadas para atender aos problemas mais prevalentes entre os funcionários do Banco”, conta Fernanda Carisio, questionando em seguida: Por que não investir num programa maduro e consistente, operado pelos profissionais da própria Cassi?.”

Transtornos mentais

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), intitulado “Suicídios na categoria reforçam necessidade de medidas protetivas” revelou que, entre 2012 e 2017, os bancos foram responsáveis por 15% dos afastamentos por causas mentais entre todos os setores de atividade econômica.Quando se trata de depressão, a proporção no período aumentou para 16%. O levantamento apontou ainda que, de 2009 a 2013, houve uma elevação de 70,5% dos casos de Transtorno Mental entre os bancários, contra 19,4% nas demais categorias.
As condições precárias de trabalho, somadas ao baixo poder de decisão sobre as tarefas, aumentam em 77% a possibilidade de o trabalhador cair em depressão. A conclusão é da pesquisadora Llorens Serrano, da Universidade Autônoma de Barcelona e do Instituto Sindical de Trabalho, Ambiente e Saúde (ISTAS).

Cobrança de coparticipação

Atualmente, no Plano Associados da Cassi existe a cobrança de coparticipação equivalente a 40% no valor das consultas. Os sindicatos querem que o banco arque integralmente com os custos dos atendimentos psicológicos em caso de adoecimento mental decorrente do trabalho.

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