Quinta, 07 Outubro 2021 17:27

Delegados sindicais se posicionam contra retorno ao presencial no Banco do Brasil

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Em plenária virtual nesta quarta-feira (6/10) os delegados sindicais eleitos pelo funcionalismo do Banco do Brasil no Rio de Janeiro se posicionaram contra o retorno ao trabalho presencial gradual, que chegaria a 100% ainda em dezembro deste ano. A avaliação é de que a decisão coloca em risco a saúde e a vida dos funcionários, tendo em vista que a pandemia do novo coronavírus continua fora de controle, com a manutenção de mais de 500 mortes diárias, propagação de novas variantes e percentual de vacinação de cerca de 40%, bem abaixo dos 70% visto por cientistas como patamar mínimo para considerar a doença controlada.

A decisão da plenária reforça o posicionamento da Contraf-CUT, da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) e do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro contrário à volta ao presencial, não só no BB e na Caixa Econômica Federal, mas também nos privados. O retorno só poderia acontecer com a pandemia sob controle. Até lá, a posição dos delegados sindicais é a de manutenção do teletrabalho. Na plenária foi unânime a avaliação de que o trabalho à distância vem substituindo plenamente o presencial, não se justificando esta mudança precipitada, feita sem base em critérios médicos científicos, nem exigência de comprovação de vacinação plena e de teste negativo para a covid-19.

Desrespeito à vida e à lei

Lembraram que ao não tomar nenhuma destas medidas, além de expor os funcionários ao contágio, o banco desrespeita leis e decretos estaduais e das prefeituras, como é o caso da cidade do Rio de Janeiro, que exige o certificado de vacinação para a entrada em estabelecimentos comerciais. Avaliaram ser necessário estudar juridicamente esta questão.

“Para acontecer, o retorno tem que se basear em dados científicos que comprovem o controle da pandemia, o que, obviamente não é o caso. É necessário exigir o adiamento. A volta ao presencial, agora, aumenta o risco de propagação da doença no Banco do Brasil. A diretoria do BB tem que ser responsabilizada pelo que acontecer”, afirmou Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da CEBB.

Os delegados sindicais avaliaram, ainda, que este retorno segue a orientação do governo que desde o início vem negando a gravidade da pandemia para manter a economia funcionando, com total desprezo pela vida humana, o que fez com que disparassem o número de contaminados e mortes no Brasil. A plenária defendeu a negociação imediata de um protocolo de prevenção mais rígido a ser colocado em prática quando as condições da pandemia permitirem um retorno seguro.

Protocolo

Em negociação com o BB, no último dia 4, a CEBB reforçou, entre as regras, a necessidade da vacinação completa, com o respeito aos 15 dias após a segunda dose, e da testagem dos trabalhadores que aceitarem voltar. A CEBB reivindica também a proibição da volta dos trabalhadores do grupo de risco e dos que coabitam com pessoas do grupo do risco.

Além disto, entre as regras a serem fixadas estão o uso obrigatório de máscaras PFF2/N95, fornecidas pelo banco; a necessidade de higienização, sanitização e a reformulação do layout das estações de trabalho; a proibição de comemorações e a realização de eventos que gerem aglomerações nos ambientes de trabalho. Além disto, a adequação dos aparelhos de ar-condicionado, da ventilação e da purificação, com a correta manutenção; e o acompanhamento dos locais pelas CIPAs e sindicatos.

Práticas negacionistas

Como mais um elemento que confirma a adoção de práticas negacionistas no BB, citaram a flexibilização das normas do protocolo atualmente em vigor, como a redução do distanciamento entre as pessoas nas unidades do BB de 2 para 1 metro, por exemplo. Os delegados sindicais, condenaram pressões para impor o retorno, feitas por gestores de unidades subordinadas à Diretoria de Operações (Diope) e à Diretoria de Finanças (Difin), contrariando o anúncio feito oficialmente pela diretoria do banco de que o retorno seria voluntário.

Episódios semelhantes ocorreram também no Cesup Rede São Paulo, responsável por atividades no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas e Paraná onde foram feitas reuniões pressionado pelo retorno, anunciando a volta gradual, sendo 30% em outubro, 60% em novembro, chegando a 100% em dezembro deste ano. Os dados passaram a constar, também, de comunicado interno do banco, contrariando a alegação do BB de que o retorno seria voluntário.

Na Tesouraria do Rio de Janeiro foi denunciada a realização de sorteio de nomes dos que seriam ‘convocados’. Na Gerência de Serviços Fiduciários (Gefid), chegou a ser organizado evento para festejar o retorno ao presencial, com direito a bolo, salgados e doces. O setor é subordinado à Diope. A recepção contrariou os protocolos de prevenção do próprio banco, ao promover aglomeração, em ambiente fechado, com o convite à retirada de máscaras para o consumo de alimentos e bebidas, o que aumenta o risco de contágio pelo novo coronavírus.

 

 

 

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