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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Imprensa SeebRio
O Brasil tem hoje cerca de 36% de vacinados com a segunda dose estando bem longe do controle da pandemia do novo coronavírus que seria atingido quando o percentual da população imunizada atingisse 70%, segundo avaliação da Organização Mundial de Saúde (OMS) baseada em estudos científicos. Mesmo assim, numa demonstração de que segue a política de negação da gravidade da doença colocada em prática pelo governo Bolsonaro, a diretoria do Banco do Brasil divulgou comunicado nesta quinta-feira ‘convidando’ a retornarem ao trabalho presencial a partir de 20 de setembro, de forma opcional, os funcionários em home office, à exceção dos que fazem parte do grupo de risco.
Rita Mota, diretora do Sindicato e representante da Federação Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ) na Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) criticou a decisão. Ressaltou ter sido tomada unilateralmente sem qualquer negociação com a Comissão e num momento em que a pandemia ainda está fora de controle com aumento do risco de uma terceira onda e de casos de variantes – que contaminam mais rapidamente e com risco de morte maior dos infectados – como é o caso da variante Delta, que se alastra no Rio de Janeiro.
Denunciar assédio
A utilização do termo ‘convite’ para o retorno, provavelmente foi feito para tentar não passar por cima do compromisso assumido pelo próprio BB, através da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), de só voltar ao trabalho presencial após negociação com o Comando Nacional dos Bancários, o que não aconteceu. Por isto mesmo, nenhum funcionário é obrigado a concordar em retornar.
“A decisão é de cada um e isto está bem explicado no comunicado. O banco deixou claro que a volta de quem está em home office é voluntária. Cabe ainda ao gestor decidir convidar, ou não. No caso de haver pressão, o funcionário deve denunciar o assédio ao Sindicato de cada região”, orientou Rita Mota.
Desrespeito ao acordo covid-19
O convite desrespeita ainda o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Emergencial da Covid-19, assinado no início da pandemia. Rita acrescentou que a redução de circulação de pessoas reduz a circulação do vírus e que, portanto, esse incentivo ao retorno presencial é ideológico, acompanhando o pensamento do governo Bolsonaro.
Fernanda Lopes, secretária de Juventude e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o BB, observou que pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com quase 13 mil bancários e bancárias, divulgada no início do mês, durante a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, revela que o trabalho remoto garantiu mais proteção contra a pandemia. Acrescentou que mesmo seguindo todas as regras e protocolos de distanciamento e higiene, não precisamos ir muito longe para saber que o trabalho presencial aumenta o risco de contaminação pela Covid-19
“Entre as bancárias e os bancários que ficaram em teletrabalho, 77% não apresentaram diagnóstico positivo de Convid-19, contra 23% contagiados. Por outro lado, entre os que não estiveram em teletrabalho, o percentual de contaminação foi de 38%”, ressaltou a dirigente da Contraf-CUT. “A postura do atual presidente do Banco do Brasil, de postar nas redes sociais uma imagem sua ao ser vacinado e, dias depois, ser fotografado junto aos funcionários do banco não usando máscara, representa a incoerência do convite do BB para o retorno ao trabalho presencial”, completou.
*Com informações da Assessoria de Comunicação da Contraf-CUT.