Domingo, 08 Agosto 2021 22:37

Só mudança de governo vai evitar a privatização do BB

Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

A sobrevivência do Banco do Brasil está ligada à sua subordinação a um governo progressista. A avaliação é de Carlos Augusto Ridotto, ex-funcionário do Banco do Brasil e ex-dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, um dos participantes do terceiro painel do 32º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), realizado na tarde deste domingo (8), sobre “O BB que queremos para o futuro do Brasil”. A mesma opinião foi compartilhada pelos demais palestrantes: Débora Fonseca, Sérgio Rosa e Juliana Donato.

“O BB tem que ser pensado no conjunto dos bancos públicos numa política que os veja como instrumentos de desenvolvimento nacional. A orientação que é dada pela política econômica é vital para o papel destes bancos”, argumentou. "Ao pensar no futuro temos que atribuir ao BB o papel de banco popular, investindo pesadamente na agricultura, nas micro, pequenas e médias empresas, que são as que mais empregam, e na retomada da economia, no pós-pandemia, ou seja, temos que eleger um governo progressista para que o BB possa ter este tipo de atuação”, disse.

Na sua avaliação, a economia não retoma o ritmo sem investimento público. Lembrou que a estagnação deve se manter, até porque o Copom do Banco Central, deve continuar elevando a Selic para conter a inflação. “Isto vai rebaixar a expectativa do PIB (Produto Interno Bruto)”, raciocinou.

Exclusão de clientes

Débora Fonseca, conselheira eleita pelos funcionários para o Conselho de Administração frisou que o BB reduziu linhas de crédito, número de funcionários e de pontos de atendimento. “O governo segue a política neoliberal de exclusão de clientes e aumento do lucro. Mas o BB deveria estar investindo em uma política de bem-estar social. O governo trabalha para enfraquecer o banco para que a população passe a não dar importância de ter uma empresa pública. Existe uma lógica clara para estes ataques”, acusou.

Disse que é preciso investir em tecnologia, mas para melhorar os serviços prestados à sociedade. “O BB precisa de agências para fazer o atendimento que as pessoas procuram, e só encontram filas enormes. Atender bem é uma função social”, lembrou.

O banco tem ainda o papel de investir pesado na agricultura familiar responsável por colocar comida na mesa. “Quanto mais investir neste setor, mais baixa será a inflação, o que não está sendo feito por este governo”, afirmou. O governo também não está usando o BB para investir na recuperação econômica. “Não basta ter lucro, pois é um banco social, público. Tem que crescer, mas dando retorno para a sociedade. A gente não consegue fazer com que o BB cumpra o seu papel com este governo. Tem que mudar”, defendeu.

Juliana Donato, ex-conselheira do Banco do Brasil eleita pelos funcionários (Caref), defendeu a reestatização do BB. “Houve um golpe para derrubar a Dilma e impedir Lula de participar da eleição. Bolsonaro assumiu e está retirando direitos e privatizando estatais. E vem desmontando o BB, reduzindo postos de trabalho. É preciso mudar o governo elegendo Lula para mudar esta realidade e fazer do BB um banco 100% público”, defendeu.

Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ, disse que a utilidade do BB se não tiver um governo com projeto de desenvolvimento nacional perde o sentido. “O golpe de 2016 criou uma ruptura democrática, uma ruptura também com o projeto de desenvolvimento de Lula e Dilma”, afirmou. Disse que parte da sociedade foi capturada pela falsa narrativa de que as estatais são um antro de corrupção, de que é preciso cortar o orçamento público.

“Com isto o país passar por um processo de desindustrialização e dependência das comodities voltadas para abastecer o mercado externo. Se não voltar a política de desenvolvimento, não haveria muito como evitar a privatização”, lamentou.

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