Quinta, 15 Julho 2021 21:59

Concurso tenta disfarçar processo de privatização do Banco do Brasil

Live nas redes sociais do Sindicato debateu defesa do BB e concurso Live nas redes sociais do Sindicato debateu defesa do BB e concurso

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Os dirigentes participantes do debate feito nas redes sociais do Sindicato nesta quinta-feira (15/7), no final da tarde, foram unânimes em afirmar que, em que pese a sua importância, o concurso público aberto pelo Banco do Brasil está sendo usado como cortina de fumaça para esconder a intenção definida pelo governo de privatizar o BB. Frisaram que o número de vagas é muito inferior ao necessário para melhorar o atendimento e que o objetivo do governo é exatamente manter um serviço precário, como acontece sempre em estatais a serem entregues ao setor privado, desgastando o banco para tentar justificar a sua privatização junto à sociedade.

Outro assunto levantado foi em relação às pegadinhas do concurso, como a não inclusão dos que passarem, no plano de saúde da Cassi (veja no fim desta matéria). Participaram da live o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira; Marcos Alvarenga, diretor da Secretaria de Bancos Públicos da Federação Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ); Débora Fonseca, representante dos funcionários no Conselho de Administração do BB (Caref); e João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB); além da advogada do Jurídico do Sindicato, Natália Miranda.

Venda é projeto do governo

Fukunaga frisou que a privatização do BB é um projeto do governo, compromisso assumido com os bancos privados; e acrescentou que este projeto não muda com a presença de um funcionário de carreira na presidência do banco. “Estamos vendo Bolsonaro dar a entender que não haverá privatização, mas, ao mesmo tempo, tomar várias medidas para prepará-la, impondo o fechamento de milhares de postos de trabalho, de mais de 300 agências, corte de funções, piorando a qualidade do atendimento que não vai ser possível melhorar com um concurso para admissão de somente 2 mil funcionários”, argumentou.

Débora Fonseca concordou com a avaliação e advertiu que não podemos nos enganar. “Em todas as privatizações foi o mesmo processo de esvaziamento. O concurso é extremamente importante, mas não repõe sequer os que se aposentam em um ano, o déficit de pessoal é gigantesco. Ou seja, não muda muita coisa. Além disto, as vagas são somente para a área de tecnologia, quando a qualidade do atendimento despencou pela falta de pessoal nas agências, que cresceu ainda mais com o plano de reestruturação de janeiro”, afirmou.

Pertencem à toda a sociedade

O presidente do Sindicato, José Ferreira, lembrou da importância para o país do BB e dos demais bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o BNDES. Ressaltou, por isto mesmo, ser necessário mostrar à sociedade os prejuízos econômicos e sociais que a entrega destas instituições financiadoras do desenvolvimento nacional para bancos privados nacionais e estrangeiros vai gerar.

Marcos Alvarenga, lembrou ser fundamental mostrar que a luta em defesa dos bancos públicos tem de ser de toda a sociedade e não só dos funcionários. “Este diálogo tem que ser feito diariamente com todos os segmentos socais”, disse.

O dirigente lembrou que os bancos públicos estão presentes em localidades que não interessam aos bancos privados, por não darem retorno imediato. “Dos 5.600 municípios brasileiros, 18% só são atendidos por bancos públicos. O BB e a CEF são responsáveis por 70% do crédito rural. De cada quatro agências bancárias, uma é do BB. As linhas de financiamento voltadas às micro e pequenas empresas são 60% do Banco do Brasil e 40% da Caixa. A sociedade precisa saber disto. Precisa saber que aos bancos privados a quem o governo quer entregar BB e Caixa não interessa nada disto e se posicionar contra as privatizações”, defendeu.

Pegadinhas do concurso

A advogada do Sindicato, Natália Miranda, analisou o edital do concurso, e constatou que ele não garante aos que forem admitidos o direito ao plano de saúde da Cassi. “Fazemos o alerta de que será preciso lutar politica e judicialmente por este direito que é baseado no princípio constitucional da isonomia, ou seja, todos os funcionários têm direitos iguais. E não é isto o que está previsto no edital, pelo menos no que diz respeito à Cassi”, explicou.

Fukunaga disse que esta é uma cobrança que tem que ser feita ao banco. “A alegação relativa à Cassi, é de que é uma exigência prevista pela Resolução 23 da CGPAR. Só que o projeto de decreto legislativo da deputada Érika Kokay (PT-SP), aprovado na última terça-feira (13/7) pela Câmara dos Deputados, derrubou a resolução que fixava normas restritivas aos planos de saúde das estatais. Então, este um assunto que teremos que trabalhar para garantir que os concursados tenham também direito”, adiantou o coordenador da CEBB.

 

 

  

 

 

 

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