Terça, 22 Junho 2021 20:16

Em plena pandemia, BB manda funcionários fazerem prova de vida na casa de aposentados do INSS

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Seguindo o negacionismo do governo Bolsonaro, o Banco do Brasil decidiu pressionar os funcionários a fazer a prova de vida na casa de aposentados e pensionistas do INSS, e em hospitais, sem segurança, sem vacina, expondo-os, irresponsavelmente, ao risco de serem contaminados pela covid-19. Segundo denúncias que chegaram à Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), o BB teria mandado superintendentes pressionarem neste sentido, através de áudios, ameaçando com a retirada do semestre no Conexão, PLR e no PDG.

O Conexão e o PDG (Programa de Desempenho Gratificado) são programas de premiação de desempenho dos funcionários, medidos de acordo com metas definidas pelo banco. A PLR é a Participação nos Lucros e/ou Resultados, definida em Lei, na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e no Acordo Coletivo de Trabalho específico do banco.

Em função do risco de contaminação dos segurados do INSS, o governo havia suspendido a exigência da prova de vida. Mas em maio último, devido ao seu negacionismo, decidiu voltar a impor a exigência mesmo na pandemia. A partir daí o BB enviou um boletim interno orientando os funcionários a vender produtos aos beneficiários do INSS que fossem fazer prova de vida.

Agora, segundo o coordenador da CEBB, João Fukunaga, o banco decidiu alterar o ponto 12.9 da Instrução Normativa, sobre a realização da prova de vida passando a constar que “poderá ser realizada por funcionário BB fora do ambiente da dependência, em casos excepcionais, quando o beneficiário estiver impossibilitado de se locomover, ou estiver acamado/hospitalizado”. O dirigente classificou o texto como dúbio para amparar a saída dos funcionários.

Jorge André, diretor do Sindicato, esclareceu que a mudança na instrução normativa ocorreu para possibilitar a prova de vida de clientes que não podem acessar o interior das agências. “No entanto o processo prevê procedimentos que devem ser realizados, no máximo, no lado externo da agência e não no domicílio do cliente. Essa "sugestão" dos gestores do BB ocasiona desvio de mão-de-obra para atividade que deveria ser realizado pelo INSS e transfere totalmente o risco operacional da instituição para o funcionário”, acrescentou.

Ameaças

Para Fukunaga as ameaças são absurdas. “Jamais um funcionário deve ser ameaçado desta maneira. Mas são coisas que acabam acontecendo quando o banco não é transparente com relação à definição das metas e de quem deve ser, ou não premiado. Fica no subjetivismo que descamba para o tipo de coisa que está acontecendo”, afirmou. “O mais absurdo é que isto vem da área de negócios de varejos, comandada por vice-presidente elevado do cargo de superintende de forma repentina por ter apoiado o atual presidente da República desde a campanha eleitoral. Mais uma medida criada sem qualquer preocupação com a vida das pessoas, neste caso dos funcionários do Banco do Brasil”, completou.

*Com informações do site da Contraf-CUT.

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