Quarta, 10 Fevereiro 2021 12:11

Debate na paralisação: direção do BB tenta dividir. É hora de se unir contra a privatização.

Mário Raia, secretário da Contraf-CUT e ex-funcionário do Banespa, durante o debate Mário Raia, secretário da Contraf-CUT e ex-funcionário do Banespa, durante o debate

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Imprensa SeebRio

A tática da direção do Banco do Brasil é a mesma utilizada em todos os bancos e demais estatais que foram alvo de privatização: impor medidas para dividir os funcionários, jogando uns contra os outros, e desqualificar o banco perante a sociedade para justificar a venda. O alerta foi feito pelos participantes do debate nas redes sociais do Sindicato, sobre o tema “Já vimos este filme: Reestruturação do BB é preparação para a privatização”. Esta foi uma das atividades desenvolvidas durante a paralisação desta quarta-feira contra o desmonte do BB, em todo o país.

Participaram dirigentes sindicais de bancos estaduais, como o Banerj, o Banco de Minhas Gerais (Bemge) e o Banespa e do federal Meridional. A diretora de Imprensa do Sindicato, Vera Luiza Xavier, lembrou que no Banerj alguns também não acreditavam na privatização e não reagiam, acreditando que nada aconteceria a eles.

“A privatização aconteceu e todos foram demitidos”, lamentou. Falou do papel importante do Sindicato, dos delegados sindicais e dos aposentados na luta contra a privatização que, no caso do Banerj, classificou como uma doação ao Itaú. Mas deu um recado: “O importante neste momento é a solidariedade, é acreditar que se todos estiverem juntos será possível barrar este processo de venda do banco que começa com esta reestruturação”, disse.

A presidenta do Sindicato e ex-funcionária do Bemge, também avaliou que a reestruturação tem uma clara intenção de dividir, de fazer setores do BB imaginarem que se ficarem quietos, nada vai lhes acontecer. “É importante perceber que isto é uma tática para enfraquecer o funcionalismo e levar adiante com mais facilidade o processo de privatização. O momento é de reflexão, é hora de resistir, como aconteceu na década de 1990, quando o governo FHC tentou privatizar o banco e não conseguiu porque teve luta. É possível repetir isto agora”, afirmou.

Mário Raia, secretário da Contraf-CUT e ex-funcionário do Banespa, frisou que com a privatização do banco do estado para o Santander, a grande maioria foi demitida, e para os poucos que se mantiveram, ficaram o plano de saúde e o Banesprev, que estão sob constante ameaça. “Os funcionários do BB não podem cair no jogo do governo, o jogo da divisão. Isto é fundamental para quem não viveu a experiência da privatização. A resistência coletiva é o que pode evitar a privatização”, disse, lembrando que este governo acaba este ano e que este é um elemento importante na luta contra a venda do BB.

Paulo de Tarso, diretor da Fetraf RJ/ES frisou que este filme da reestruturação, de desmonte, como preparação da privatização, já foi visto antes em todos as privatizações. “No caso do Meridional, passamos por isto, e conseguimos impedir a privatização por anos seguidos, como no caso do Banespa. Foi fundamental a nossa união, mobilização e o contato com setores da sociedade como os agricultores e as prefeituras que se juntaram a nós em defesa do Meridional”, disse.

Fernanda Carísio, aposentada do BB e ex-presidenta do Sindicato, lembrou que a imprensa deu suporte à campanha sórdida contra os funcionários de todos estes bancos, tratando-os como marajás e dando a entender que os bancos estatais eram elefantes brancos quando, na verdade, são fundamentais para o desenvolvimento do país, papel que, se forem privatizados, vai acabar.

Argumentou que muitos funcionários que estão hoje no banco entraram depois de 2003 e não passaram pela experiência da ameaça da privatização. “Muitos, sobretudo gestores, acham, que se escondendo, ficando quietos ou fazendo o jogo do banco, de descomissionar, de pressionar, vão ser mantidos. É bom que todos saibam que se a privatização passar, todos serão demitidos”, enfatizou.

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