Quinta, 14 Janeiro 2021 20:08

Esta sexta é Dia de Luto Contra o Desmonte do BB

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Os funcionários do Banco do Brasil vão vestir preto em todos os estados do país, nesta sexta-feira (15/1), Dia de Luto, dando início a um calendário de mobilizações que tem como objetivo impedir a implantação do plano de reestruturação que desmonta criminosamente a estrutura do BB, preparando a sua privatização. Na mesma sexta, a partir das 11 horas, o funcionalismo participa de um ‘tuitaço’ pela hashtag #MeuBBvalemais, #BBLutoeLuta e #BBSemCaixasNão.

O calendário foi aprovado na última quarta-feira pela Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), ratificado pela Contraf-CUT, sindicatos e plenárias realizadas nos estados, entre eles, a do Rio de Janeiro e São Paulo, na última quarta-feira e a de Brasília, nesta quinta. Após o Dia de Luto, prevê, para 19 de janeiro, nova reunião da CEBB, desta vez para definir desdobramentos da campanha – que já conta com a participação de parlamentares de diversos partidos e centrais sindicais – bem como a organização das manifestações do dia 21 de janeiro, Dia Nacional de Luta Contra o Desmonte e em Defesa do Banco do Brasil.

A diretora do Sindicato e integrante da CEBB, Rita Mota avalia só ser possível reverter a reestruturação, com a participação massiva do funcionalismo. Disse que o plano é de uma crueldade sem precedentes, seja por demitir milhares de trabalhadores no meio de uma pandemia que já matou mais de 200 mil pessoas e que impede realocações, que reduz drasticamente as remunerações ao valor que tinham quando da entrada do funcionário no banco e fecha agências, deixando sem atendimento milhares de pessoas neste momento em que mais precisam do banco.

Rita fez uma comparação do corte de remuneração imposto pela reestruturação, numa analogia com a Marinha. “O funcionário entra por concurso no BB com um salário, que vai subindo de valor conforme ascende na carreira. Com a reestruturação, um gestor, ou um caixa, volta a ser escriturário. É como se um oficial voltasse a ter um soldo de marinheiro. É muita perversidade que tem que ter uma resposta à altura”, acusou.

Bancos mandam no governo

“O plano atinge a todos. E se não o enfrentarmos agora, mais à frente, não teremos mais nossos empregos pois não haverá mais o Banco do Brasil público, já que este desmonte é a preparação da privatização do BB”, alertou. A dirigente contestou matérias da imprensa conservadora atribuindo à Bolsonaro uma insatisfação com o desmonte, devido às suas consequências econômicas ou sociais, o que o teria levado a considerar a demissão do presidente do BB, André Brandão.

“Obviamente, Bolsonaro sabia do plano em sua integralidade, das demissões, da redução do número de agências e das consequências para a população e a economia. Mas a verdade é que ele não tem empatia. Não se importa com os milhares que estão morrendo de covid-19, logo, não se importaria com as consequências sociais de um plano que prevê demitir milhares de cidadãos, ou se a população, os trabalhadores e empresas poderão ser profundamente prejudicados com a redução do tamanho de um banco público da importância do BB, especialmente neste momento extremamente delicado”, argumentou. Na sua opinião, se Bolsonaro ficou descontente com algo, foi por algum motivo ligado ao seu interesse político. 

Pacote perverso

O desmonte reduz a rede de agências, corta salários, funções gratificadas e prevê o corte de pelo menos 5 mil postos de trabalho. As medidas são previstas para serem impostas neste primeiro semestre de 2021. Englobam o fechamento de 361 unidades, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA), além da conversão de 243 agências em postos de atendimento e a ‘transformação’ de 145 unidades de negócios em Lojas BB. Tanto estes últimos, quanto os PAs não têm gerentes e guichês de caixa.

Com o fechamento de agências e a sua transformação em PAs, serão cortadas funções gerenciais e de módulo, tendo o banco anunciado, também, a extinção do pagamento contínuo da gratificação de caixa. Os funcionários destas atividades sofrerão uma redução salarial significativa. Os caixas e demais funcionários que serão descomissionados passarão a receber como escriturários. Como parte do plano de desmonte do BB, o governo federal, maior acionista individual do banco, pretende dispensar mais de 5 mil funcionários através do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) e do Plano de Desligamento Extraordinário (PDE).

 

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