EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente
Imprensa SeebRio
A queda do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, foi confirmada na tarde desta quarta-feira (13/1). Muitas versões estão sendo aventadas pela imprensa empresarial, mas uma delas, extremamente fantasiosa, atribuída a ‘fontes do Palácio do Planalto’ diz que a demissão foi motivada pela insatisfação de Bolsonaro e Paulo Guedes com o plano de reestruturação do Banco do Brasil, anunciado no último dia 11, como se este plano de desmonte da estrutura do BB tivesse sido formulado e imposto sem a autorização do presidente da República e do ministro da Economia, aos quais Brandão é subordinado.
A suspeita levantada por analistas políticos é de que ao demitir Brandão, Bolsonaro pretende criar um fato político, plantando mais uma fake news, para eximir-se de responsabilidade por desmontar a estrutura do BB, de forma criminosa, em plena pandemia, prejudicando a população – que passará a contar com uma rede de agências menor, com menos 5 mil funcionários – e a toda a economia que precisa do apoio financeiro de um banco do porte do BB para retomar a atividade econômica que está em recessão. Sustentam que caso o presidente e Guedes não concordassem com o desmonte, ele não teria sido imposto por André Brandão que a eles é subordinado, tendo sido por eles nomeado.
Lembram, inclusive, que o plano de reestruturação do BB segue a política que vem sendo imposta por Bolsonaro e Guedes em diversas outras estatais. Política que tem como objetivo privatizar estas empresas, seja para gerar recursos como parte do ajuste fiscal, seja para fragilizar o Brasil, aumentando a sua dependência dos países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos, país ao qual Bolsonaro já bateu continência à bandeira. Para estes analistas, Bolsonaro está preocupado com o desgaste que o desmonte vai gerar e como impactará a sua popularidade.
Acrescentam que não é a primeira vez que um presidente do BB cai após uma operação contrária aos interesses do Banco do Brasil e do país, que geraram um grande degaste. Citaram a demissão de Rubem Novaes, em setembro, logo após ter sido vendida por R$ 371 milhões ao BTG-Pactual de Guedes, a carteira de crédito de R$ 1,9 bilhão do BB. Brandão ficou no cargo apenas quatro meses até ser derrubado para criar uma cortina de fumaça sobre a verdade dos fatos.
O desmonte
O desmonte foi imposto pelo governo Bolsonaro em meio à pandemia, reduz a rede de agências do banco, corta salários, funções gratificadas e prevê a redução de 5 mil postos de trabalho. As medidas a serem impostas neste primeiro semestre de 2021, preveem o fechamento de 361 unidades, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA), além da conversão de 243 agências em postos de atendimento e a ‘transformação’ de 145 unidades de negócios em Lojas BB, estes dois últimos, sem gerentes e guichês de caixa.
Com o fechamento de agências e a sua transformação em PAs, serão cortadas funções gerenciais e de módulo, tendo o banco anunciado, também, a extinção do pagamento contínuo da gratificação de caixa. Os funcionários destas atividades sofrerão uma redução salarial significativa. Os caixas passarão a receber como escriturários. Como parte do plano de desmonte do BB, o governo federal, maior acionista individual do banco, pretende dispensar mais de 5 mil funcionários através do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) e do Plano de Desligamento Extraordinário (PDE).
Segundo documento ao mercado, intitulado “Informação Relevante”, assinado por Carlos José da Costa André, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, o plano está sendo imposto para ‘adequar’ o BB ao novo perfil dos clientes que se utilizam dos canais digitais, ‘esquecendo’ que no Brasil, 47 milhões de habitantes simplesmente não têm acesso à internet. E para economizar R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025, mesmo com lucro líquido de R$ 10,189 bilhões nos primeiros nove meses de 2020, dentro da política de diminuição do Estado e de ajuste fiscal.