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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Sem se preocupar se vai reduzir a capacidade do Banco do Brasil prestar assistência à população que sofre os fortes impactos da pandemia do novo coronavírus, o governo Bolsonaro baixou um plano que reduz a rede de agências do BB. As medidas, a serem impostas neste primeiro semestre de 2021, preveem o fechamento de 361 unidades, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA), além da conversão de 243 agências em postos de atendimento e a ‘transformação’ de 145 unidades de negócios em Lojas BB, estes últimos, sem gerentes
e guichês de caixa.
Para Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários, o desmonte já se constitui na privatização do BB, ao abrir espaço para os concorrentes privados, dentro da estratégia do governo de reduzir os serviços públicos prestados à sociedade brasileira. O enxugamento da estrutura e o corte dos salários já são a preparação para o plano de privatização do BB similar aos de outras estatais e todo o setor público.
“O Paulo Guedes (ministro da Economia) já tinha deixado isto claro quando na reunião ministerial cujas imagens vazaram falou em privatizar ‘essa porra do Banco do Brasil’. O governo não tem o menor compromisso com a população que vai ficar desassistida, desrespeita os funcionários que vão perder poder aquisitivo em plena crise. Aliás, o país todo vai perder com a redução da capilaridade do banco”, previu. Acrescentou que muitas localidades ficarão sem nenhuma agência bancária.
Redução salarial e demissões
Com o fechamento de agências e a sua transformação em PAs, serão cortadas funções gerenciais e de módulo, tendo o banco anunciado, também, a extinção do pagamento contínuo da gratificação de caixa. Os funcionários destas atividades sofrerão uma redução salarial significativa. Os caixas passarão a receber como escriturários. Como parte do plano de desmonte do BB, o governo federal, maior acionista individual do banco, pretende dispensar mais de 5 mil funcionários através do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) e do Plano de Desligamento Extraordinário (PDE).
Segundo documento ao mercado, intitulado “Informação Relevante”, assinado por Carlos José da Costa André, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, o plano está sendo imposto para ‘adequar’ o BB ao novo perfil dos clientes que se utilizam dos canais digitais, ‘esquecendo’ que no Brasil, 47 milhões de habitantes simplesmente não têm acesso à internet. E para economizar R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025, mesmo com lucro líquido de R$ 10,189 bilhões nos primeiros nove meses de 2020, dentro da política de diminuição do Estado e de ajuste fiscal.
Plenárias vão organizar resposta
Na reunião com a Comissão de Empresa dos Funcionários (CEEBB), nesta segunda-feira (11/1), os representantes do banco admitiram não ter todas as informações a respeito do plano que chamaram de reestruturação. As medidas foram consideradas um ataque à categoria e podem causar, na prática, a redução do papel do BB como banco público, com o fechamento de agências em diversas cidades do país.
A CEBB vai realizar nova reunião na quarta-feira (13) para discutir um calendário nacional de lutas e de mobilização dos funcionários. O Sindicato do Rio vai promover plenárias para organizar a resposta a este ataque do governo, sejam ações de mobilização e jurídicas.