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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Matéria publicada pelo Jornal Correio Braziliense desmentiu a afirmação do novo presidente do Banco do Brasil, André Guilherme Brandão, de que uma das prioridades de sua gestão será o reforço do atendimento a brasileiros que vivem fora do país. Segundo funcionários ouvidos pelo jornalista Vicente Nunes, do Correio, está ocorrendo exatamente o contrário: várias agências sendo fechadas na Europa e na América do Sul.
Esse processo começou com o então vice-presidente de Negócios de Atacado do banco, Walter Malieni Júnior, que anunciou o fechamento, entre outras, das agências de Madri (Espanha), Milão (Itália) e Paris (França) e as da Bolívia e do Chile. Nesse processo, seriam reforçadas as agências de Miami e Nova York, nos Estados Unidos, Londres (Inglaterra) e Xangai (China). Contudo, o foco seriam empresas e clientes de alta renda.
Abrindo mão de negócios
Para os funcionários do BB em postos fora do Brasil, o novo presidente da instituição deveria se posicionar mais claramente em relação ao que pretende fazer com a estrutura do banco no exterior. Asseguram que praticamente todas as agências são lucrativas e há uma longa tradição na presença do Banco do Brasil na Europa, sobretudo.
As estimativas apontam que os brasileiros têm, atualmente, US$ 260 bilhões no exterior. Além disso, é crescente o volume de recursos remetidos para fora do país em forma de investimentos. Segundo os funcionários do BB em outros países, com todas as oportunidades que se colocam para o banco, é incoerente falar em fechamento de agências.
Brandão segue encolhendo o BB
Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, afirmou que a política do governo Bolsonaro/Guedes é de redução do tamanho do Banco do Brasil. Os objetivos centrais são abrir cada vez mais espaço para bancos privados e preparar a privatização.
“Além de deixar de atender brasileiros no exterior, o fechamento de agências vai causar uma enorme perda econômica, na medida em que o BB deixará de financiar operações de comércio exterior, como as exportações brasileiras, o que, obviamente, tem como finalidade passar este volume de operações para o setor privado”, denunciou. Lembrou como fatos mais recentes deste esvaziamento, a venda – investigada pelo Ministério Público do Tribunal de Contas da União – da carteira de crédito do BB de R$ 2,9 bilhões ao BTG-Pactual por R$ 371 milhões e a do prédio da Senador Dantas, cujas atividades devem ser transferidas para um imóvel que tem como um de seus proprietários o mesmo BTG-Pactual, do qual o ministro Paulo Roberto Nunes Guedes foi sócio fundador.
Brandão e a CPI do HSBC
Vale a pena lembrar a experiência de André Guilherme Brandão no sistema financeiro. Além de trabalhar com investimentos, presidiu o HSBC no Brasil à época em que o escândalo internacional Swiss Leaks, de sonegação fiscal e evasão de divisas, veio à tona. Convocado a depor na CPI do Senado que investigou movimentações suspeitas de brasileiros com contas na agência em Genebra do banco, em maio de 2015, negou que a filial brasileira tivesse dados a respeito.
Havia indícios de que 8.667 correntistas brasileiros depositaram cerca de RS 21 bilhões nas 6.606 contas (muitas delas conjuntas). O Brasil foi o 9º país com o maior valor depositado e o 4º em número de clientes.
A CPI acabou sendo abafada. O relator da Comissão, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) anunciou o fim das investigações em 25 de maio de 2016, deixando de apurar a participação da filial brasileira e a venda do HSBC ao Bradesco. Alegou ‘dificuldades enfrentadas’ pela CPI, e que, ‘continuá-la’ acabaria se tornando ‘um desperdício de dinheiro público’.
Na ocasião, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, apresentou voto em separado, defendendo a continuidade das investigações. Lembrou que a Procuradoria Geral da República (PGR), a Receita Federal e o Banco Central já dispunham de acordos de colaboração efetivados diretamente com a Suíça. Em seu voto, pediu a realização de oitivas com pessoas que tiveram sigilos bancários quebrados, mas cujos depoimentos foram posteriormente suspensos.
Ele também queria investigar mais os controladores do HSBC no Brasil, assim como a aquisição da subsidiária brasileira do banco pelo Bradesco, processo que estava em fase de finalização. Mas seu voto em separado foi derrotado pelo relatório de Ferraço.
— Essa CPI foi alvo de lobistas que impediram que a investigação andasse. Só no Congresso brasileiro lobistas têm a liberdade de até intimidar senadores e atingirem seus objetivos — afirmou Randolfe em entrevista coletiva após a reunião.
Lavagem de dinheiro
Segundo a análise dos dados expostos – do período entre 2005 e 2007 –, pelo HSBC passaram US$ 180 bilhões que serviram para fraude fiscal, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e financiamento do terrorismo internacional. O banco auxiliou clientes poderosos a evadirem divisas, segundo mostrou investigação do ICJI (The International Consortium of Investigative Journalists). Com documentos sigilosos obtidos por meio do jornal francês Le Monde, um grupo de jornalistas de 45 países diferentes comprovou os atos ilícitos promovidos pelo braço suíço do HSBC.
*Fontes: Correio Braziliense, Revista Época, O Globo, site do Senado Federal, Infomoney, Poder 360, Sindicato dos Bancários de São Paulo e Sindicato dos Bancários do Distrito Federal.