Terça, 29 Setembro 2020 17:56
CHEIRO DE PRIVATIZAÇÃO

Deputada cobra explicações sobre possível venda do Sedan e mudança de logomarca do BB

Gleise Hoffmann (PT-PR) envia requerimento ao ministro Paulo Guedes, pedindo explicações sobre possíveis mudanças que privilegiam o BTG Pactual

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleise Hoffmann, enviou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um requerimento pedindo explicações sobre informações a respeito de decisões do governo que deixam no ar uma clara intenção de privatização do Banco do Brasil: a primeira é a venda da sede da empresa no Rio de Janeiro, na Avenida Senador Dantas, o prédio do Sedan, no Centro da cidade, transferindo os setores para um prédio alugado, na Avenida Chile. A parlamentar cobra uma explicação técnica e econômica para a mudança, solicitando os custos mensais que o banco tem em sua atual sede em comparação com os gastos da locação no novo endereço.

“Se confirmada a informação, causa estranheza o fato de a direção do Banco do Brasil se mudar para um local alugado, que tem como um dos proprietários, o Banco BTG Pactual, fundado por Guedes e com quem o ministro tem um vínculo estreito”, critica o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, José Henrique. O sindicalista lembra ainda que esta não é primeira vez que a equipe econômica do governo toma decisões em benefício do Pactual. “A direção do Banco do Brasil e o governo entregaram a preço de banana uma carteira de investimentos do BB ao BTG Pactual no valor de R$2,9 bilhões e agora vem essa informação de uma provável venda do Sedan para alugar imóvel de propriedade da mesma instituição privada. Fica a impressão de que o ministro não quer apenas privatizar o BB, como já divulgou publicamente, mas pretende fazer com que o Pactual seja um dos compradores”, acrescenta.

Custos do novo layout

Gleise pede ainda no documento, explicações sobre as informações, ainda não oficiais, de que o governo e a direção do BB pretendem mudar a secular logomarca da instituição, inclusive suas cores (amarelo e azul), um patrimônio público de todos os brasileiros.  

“A possível mudança da logo do banco e de sua cor não tem nenhuma justificativa que não seja a de atender à sanha do setor privado de comprar a parte altamente lucrativa do BB, através de uma privatização, e como sempre, sem assumir a função social que somente um banco público é capaz de cumprir”, destaca o sindicalista.

No requerimento, a parlamentar ressalta ainda sobre as altas despesas que representariam uma mudança de layouts, com alterações de papéis e documentos timbrados, além dos investimentos em publicidade somente para divulgar a nova logomarca e cores de uma empresa secular que já tem sua imagem fixada no imaginário da população.

As despesas com as mudanças contradizem o próprio discurso do governo de enxugar as despesas do setor público.

Caro, imoral e ineficiente

Segundo Gleise, a justificativa das mudanças seria “em função da necessidade de adaptar a alocação de servidores em função da prestação de serviços em home Office, por causa da pandemia do novo coronavírus”. A deputada evoca em seus argumentos “o princípio da economicidade”, que está relacionado ainda aos princípios da moralidade e da eficiência da administração pública, em que o gestor não pode optar pela solução mais onerosa na aplicação dos recursos públicos.

“É preciso verificar se o governo não está, mais uma vez, querendo privilegiar uma instituição privada, como é o caso do Pactual, em detrimento do interesse público e a situação fica ainda mais suspeita pelo fato de Guedes ter sido fundador deste banco. A categoria precisa estar muita atenta e fortalecer a mobilização contra o projeto de privatização dos bancos públicos pelo governo Bolsonaro”, completa Henrique.

 

 

 

 

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