Sexta, 14 Agosto 2020 20:31
CAMPANHA SALARIAL

Sindicatos repudiam postura do BB de querer retirar direitos dos funcionários

Banco quer reduzir períodos da GDP, que avalia desempenho do funcionário, usando esta ferramenta para ameaçar, punir e descomissionar
Rita Mota disse que a proposta do BB contraria o propósito original do modelo de avaliação dos funcionários de permitir desenvolvimento profissional, tornando-o ainda mais uma ferramenta para ameaças, punição e descomissionamento Rita Mota disse que a proposta do BB contraria o propósito original do modelo de avaliação dos funcionários de permitir desenvolvimento profissional, tornando-o ainda mais uma ferramenta para ameaças, punição e descomissionamento

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A cobrança de metas abusivas e a Gestão de Desempenho Profissional (GDP) foram os temas que geraram o maior debate na mesa de negociações sobre saúde e condições de trabalho entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e representantes do banco, realizada na sexta-feira, dia 14 de agosto, por videoconferência. O funcionalismo busca a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho a fim de garantir todos direitos dos bancários.

Retrocesso na avaliação de desempenho

Além de criticar o processo de desfiguração do GDP, o movimento sindical repudia a intenção da empresa em alterar a cláusula 49 do acordo coletivo, que trata da “dispensa de função ou de comissão” de acordo com a avaliação de desemprenho do banco. O BB quer reduzir o prazo de observância de três para apenas um ciclo de avaliação para retirada da comissão de função.

“Nós conquistamos em acordos anteriores que o banco não poderia descomissionar nenhum funcionário que não tivesse pelo menos três GDPs com avaliação abaixo do desemprenho. A direção do BB quer facilitar a possibilidade de descomissionamento reduzindo de três para um ciclo de avaliação. Nós não aceitamos este retrocesso absurdo”, explica a diretora do Sindicato do Rio e membro da CEBB, Rita Mota.

Aumento da pressão

A alteração terá como resultado o aumento da pressão sobre os funcionários para o cumprimento de metas e vai respaldar a intenção da empresa de reduzir a remuneração dos bancários.

“A proposta do banco vai na contramão do propósito do sistema de acompanhamento dos resultados dos funcionários criado para o desenvolvimento profissional do bancário e não como ferramenta de ameaças, punições e descomissionamentos”, acrescenta Rita.

Os sindicatos denunciam ainda que a proposta do banco segue as diretrizes do Ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes de ataques aos direitos dos trabalhadores e arrocho salarial no setor público.

Os representantes do funcionalismo criticaram o fato de a direção do BB pregar o discurso de não tolerar o assédio moral, mas na prática, apresentar uma proposta que respalda o assediador.

A Comissão de Empresa dos Funcionários considera a mudança nos critérios uma prática desumana, lembrando que qualquer trabalhador está sujeito a um período de mau resultados, especialmente diante de uma crise sanitária e econômica sem precedentes na história, o que não significa que o empregado é ruim.

A direção do BB diz não tolerar práticas de assédio moral e todas as formas de discriminação, alegando que faz parte do processo de capacitação dos gestores as “boas práticas de comportamento”, “que agrega não apenas para o trabalho, mas para a vida”. Lembrou ainda que além da ouvidoria, o banco busca encontrar solução para os conflitos, protocolo firmado com os sindicatos.

Entretanto a proposta da em presa para a GDP contraria na prática o que a empresa prega no discurso.

Mobilização é a saída

Os funcionários do BB realizam na segunda-feira, dia 17 de agosto, um protesto. O movimento sindical convoca todos os trabalhadores do banco a postarem fotos vestidos de preto nas redes sociais, especialmente no Twitter, com a hashtag #Sem3GDPSemAcordo, às 114 horas. 

A Contraf-CUT publicou vídeos com dicas de como criar uma conta e redigir uma mensagem no Twitter para aumentar o alcance das mensagens.

Metas e assédio moral

Ao ser questionado pela CEBB sobre a cobrança de metas como forma de assédio aos funcionários, o banco respondeu que “repudia qualquer tipo de assédio e que a prática não é tolerada no banco”. O banco disse ainda que a orientação aos funcionários é a utilização dos mecanismos disponíveis para denúncias de assédio e que todas elas serão analisadas para que a situação seja sanada.

Os representantes dos bancários lembraram que há dois movimentos de pressão e cobrança que afetam tanto quem está em home office quanto quem está trabalhando na linha de frente das agências e departamentos do banco. Quem é do grupo de risco e está em home office é ameaçado de ser tirada a possibilidade de trabalhar em casa e ter que compensar as horas não trabalhadas. Quem está no trabalho presencial, em especial os gerentes de PSO (Plataforma de Suporte Operacional), está sendo cobrado por metas individuais sem a mínima condição de serem cumpridas.

Outras cláusulas

A representação dos funcionários também destacou a importância do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 7, assim como a forma de sua construção.

Os trabalhadores também cobraram a produção conjunta da cartilha de orientações aos funcionários sobre os passos que devem ser dados nos casos de afastamentos do trabalho para o tratamento de saúde.

Os sindicalistas disseram que o banco precisa debater também na mesa de negociação a situação de trabalhadores egressos de bancos incorporados, como no caso do acesso ao Programa de Assistência Social, que é restrito aos associados da Cassi ou da Previ. Uma mesa específica para tratar do tema será instalada logo após o fim da Campanha Nacional.

Próximas reuniões – Na segunda-feira (17), a partir das 14 horas, os temas de negociação serão Igualdade de Oportunidades e demais Cláusulas Sociais. Ás 16 horas haverá uma mesa para tratar de questões relacionadas às medidas de prevenção à Covid-19. 

 

Fonte: Contraf-CUT

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