Quinta, 23 Julho 2020 21:06

BB terceiriza para gestores decisão que alastra covid-19

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Numa atitude que beira a irresponsabilidade e a má fé, a diretoria do Banco do Brasil se recusou a rever o comunicado em que transfere para os gestores das agências e demais unidades, a responsabilidade legal de convocar para o trabalho presencial os funcionários que coabitam com familiares pertencentes ao grupo de risco, devido à idade ou por serem portadores de comorbidades. A recusa foi em resposta à Comissão de Empresa dos Funcionários em negociação neste dia 22, que reivindicou, além da revogação do comunicado, retratação do banco por dar a entender que a convocação tomou como base o acordo de prevenção da doença, assinado com o movimento sindical.

Ao mesmo tempo, o banco negou que no comunicado orientasse os gestores a convocar os funcionários que estão nesta situação. “Esta dubiedade deixou evidente a intenção de jogar sobre as costas dos gestores a responsabilidade de responder pelo contágio de centenas de familiares pertencentes ao grupo de risco, inclusive criminal e civilmente”, argumentou Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da Comissão.

A orientação do Sindicato aos colegas que estão sob a ameaça desumana, que ignora a letalidade do novo coronavírus e o aumento do número de contaminados e mortos, é a de que enviem ao Banco do Brasil, na figura dos gestores, documento informando sobre número de pessoas que moram em sua residência e porque estão no grupo de risco, informando o tipo de comorbidade e faixa etária. “Estas informações são importantes para comprovar que o banco e os gestores foram informados do risco do retorno destes funcionários ao trabalho presencial, inclusive, para responsabilizá-los cível e criminalmente em caso de contaminação de algum familiar”, explicou Rita Mota. Acrescentou que a convocação não tem qualquer justificativa, já que os funcionários estão à disposição do banco em teletrabalho. Sem contar que ela vale até para os que não atendem ao público, como os das agências digitais.

Vale registrar que para tomar a decisão, o BB tomou por base, não o acordo, mas a portaria 20, baixada pela secretaria de Previdência e Trabalho do governo Bolsonaro, subordinada ao ministro da Economia Paulo Guedes. A portaria flexibilizou as normas de isolamento social e fez com que a pandemia disparasse até fazer o Brasil ser o segundo país do mundo em casos de mortes e contaminados, atrás apenas dos Estados Unidos.

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