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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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A bancada de deputados federais do PSOL enviou, por iniciativa do deputado Glauber Braga, requerimento cobrando do Banco do Brasil explicações sobre a operação de venda de sua carteira de crédito de R$ 2,9 bilhões por R$ 371 milhões ao BTG-Pactual. O banco privado tem como sócio fundador Paulo Guedes, ministro da Economia que está sendo investigado pelo Ministério Público e Polícia Federal por fraudes contra fundos de pensão. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano e o da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também foram diretores do BTG-Pactual, o que põe sob suspeita a operação.
Por este motivo, a bancada enviou, ainda, convite ao presidente do BB e amigo de longa data de Guedes, Rubem Novaes, para que explique à Câmara dos Deputados, detalhes da transação. Outro motivo das ações é que essa é a primeira vez em sua história que o banco público realiza uma operação de cessão de carteira de crédito a uma instituição fora de seu conglomerado. A escolha do BTG-Pactual foi feita sem licitação ou tomada de preços, o que pode ser outro indício de favorecimento. O negócio não poderia ter sido feito sem a autorização de Guedes.
Falta de transparência
Segundo João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato dos Bancários e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), a operação foi feita sem transparência e levanta suspeitas. “A venda é bastante suspeita ao beneficiar, pela primeira vez, um banco fora do conglomerado e que justamente foi criado pelo ministro bolsonarista. Como saber se o BB não está sendo usado para interesses escusos do Paulo Guedes?”, questionou.
Para o ex-economista do Dieese, Adhemar Mineiro, faltou transparência na operação para que se saiba se houve ou não favorecimento. Mas avaliou que se um banco privado se interessou em fazer o negócio é sinal de que se alguém perde alguma coisa é o Banco do Brasil. "A falta de transparência é um dos elementos mais complicados para a ética desta operação. Operação que envolve o BTG-Pactual, antiga Pactual Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, que teve como sócio-fundador o ministro da Economia Paulo Guedes a quem o presidente do BB é subordinado. Por isto é muito difícil falar em uma operação com ética com toda esta situação", avaliou.
A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) também estranhou a operação e, em ofício enviado ao Vice-Presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do banco, solicitou uma série de informações sobre a cessão da enorme carteira de crédito a uma instituição privada.
Entre outras coisas, o PSOL quer saber como se chegou à decisão pela venda da carteira ao BTG Pactual; se o processo assegurou ampla concorrência e se o leilão, como modalidade para que o BB possa ceder parte de seus ativos sem questionamentos sob direcionamentos, não seria o caminho mais adequado.
Recentemente o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na reunião ministerial de 22 de abril que o Banco do Brasil “é um caso pronto de privatização”. Ele comparou o BB a outros bancos públicos e disse que tem que “vender essa porra”. A conversa consta na gravação em vídeo da reunião, tornada pública hoje por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal.