Domingo, 12 Julho 2020 18:15

Ex-diretor da Previ sugere questionar cessão de crédito do BB ao BTG-Pactual

O ex-diretor eleito da Previ e ex-integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, Francisco Alexandre, levantou a possibilidade de encaminhar denúncia ao Ministério Público Federal, questionando a transação pela qual o BTG-Pactual pagou R$ 371 milhões para ficar com a carteira de crédito do Banco do Brasil, orçada em R$ 2,9 bilhões. Para ele, antes, é preciso fazer um levantamento detalhado da operação, para saber de sua legalidade e prejuízos causados ao banco e ao Estado brasileiro.

A opinião foi expressada durante o segundo eixo de debate do 31º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil neste domingo (12) sobre o tema “Eles não vão gostar, mas nós não vamos largar nada!” , sobre a participação dos bancários entidades de autogestão do banco, como a Previ e a Cassi. O objetivo era traçar as estratégias para defender a representação dos trabalhadores nessas instituições.

Francisco frisou ser importante aprofundar esta discussão para decidir o que fazer, que providência tomar. Acrescentou que o que tem que ficar claro é se a transação foi feita para beneficiar o grupo privado e outras pessoas envolvidas. A entrega da carteira de crédito do BB nunca havia isso feita antes. A cobrança sempre coube ao próprio banco. Agora, os mais de R$ 2 bilhões passaram a pertencer ao BTG-Pactual, banco do qual o ministro da Economia, Paulo Guedes foi sócio-fundador.

Francisco fez um detalhado histórico do banco. Defendeu a organização de uma campanha nacional em defesa do BB, com a participação dos diversos segmentos sociais e partidos políticos, com uma coordenação nacional e representações onde for possível, como foi feito em campanhas anteriores.

Previ e Cassi

Rita Mota, da Comissão de Empresa dos Funcionários e candidata da Chapa 1 – Previ para o Associado, que concorre à eleição da Previ, chamou a atenção para esta eleição. “A nossa chapa tem representantes de entidades dos funcionários, com experiência comprovada na gestão do fundo. Enquanto a outra tem integrantes que já representaram o banco em negociações”, disse. Acrescentou que num momento de ataques à Previ e à Cassi, é importante garantir a continuidade de uma gestão que efetivamente represente os associados.

Wagner Nascimento, dirigente sindical do Banco do Brasil, destacou que o movimento sindical está muito atacado. “Como se representar os trabalhadores fosse algum tipo de problema”, disse. O sindicalista lembrou que os bancários do Banco do Brasil têm a capacidade de olhar a empresa como um todo. “Às Vezes, o trabalho de um dirigente sindical traz mais competência para olhar as empresas. Pela ótica dos funcionários e também pela ótica do próprio banco”, disse o dirigente que disputa esta semana a eleição para a diretoria da Previ pela Chapa 1 – Previ para o Associado.

Nascimento alertou para o momento atual, quando se quer acabar com a eleição dos fundos de pensão. “Queriam incluir os agentes de mercado. São pessoas que têm competência e, entre a parte de trabalhadores e a parte do patrão, é lógico que eles são alinhados muito mais com os patrões.”, declarou Nascimento, para quem essa visão tem crescido ultimamente.
Para o dirigente sindical, as gestões dos funcionários do Banco do Brasil são benéficas. “Fazemos uma gestão mais ética, mais séria, com a participação dos associados. Se abrirmos mão do papel das entidades sindicais, associativas e das associações de funcionários estaremos entregando a gestão toda para o patrão”.

Autogestão

Anderson Mendes, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, afirmou que a gente tem passado por momentos muitos difíceis das autogestões, com investidas muito grandes do mercado em várias frentes. “As autogestões padecem de um problema que agravam seus custos, que são a não oxigenação da carteira, tendo em vista que as empresas têm cada vez menos novos funcionários, então temos cada vez menos novos entrantes nos planos e isso vai envelhecendo essa carteira, o que torna um desafio a sustentabilidade do plano. E isso vem agravando mais o novo modelo do que outros.”

Mendes lembrou que, apesar dos problemas, nas questões legais e regulatórias das agências as autogestões acabam tendo o mesmo tratamento que os demais planos. “Eles não conseguem perceber a importância de tratar diferente os que são diferentes. Eles não conseguem perceber que a gente tem um papel social muito importante, que a gente tem um modelo muito interessante com participação efetiva dos próprios associados e o como é importante a participação dos próprios beneficiários. Se eles não nos tratam de forma diferente, eles dificultam muito essa sustentabilidade”. Anderson Mendes revelou que a União Nacional vem trabalhando junto a políticos para que a causa seja defendida na esfera legislativa.

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