Quarta, 20 Mai 2020 17:23

Banco do Brasil expõe clientela e bancários ao coronavírus

Por Olyntho Contente
Da Redação do Seeb/Rio


Ao não tomar as medidas preventivas adequadas, inclusive descumprindo regras estabelecidas por sua própria instrução normativa, o Banco do Brasil expõe funcionários e clientes ao risco de contágio pelo novo coronavírus. É o que vem acontecendo na agência Santa Cruz, um dos bairros do Rio de Janeiro com maior número de mortos e contaminados pela doença.
A unidade teve o gerente-geral afastado no último dia 5 pelo médico com suspeita de Covid-19, tendo testado positivo, num exame cujo resultado foi conhecido somente dez dias depois. Nesta terça-feira (19/5) voltou ao trabalho, mas era possível ver que a unidade estava cheia de clientes, quando o exigido era estarem do lado de fora, aguardando o atendimento em fila, distantes dois metros um do outro. Logo, se encontravam expostos ao contágio, pois estavam em um ambiente fechado, sem guardar a devida distância. Nesta situação, também os funcionários se encontravam sujeitos à contaminação.

A diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários Rita Mota, entrou em contato com o superintendente regional cobrando o cumprimento das normas fixadas para casos como este, mas não teve retorno. “O banco não pode se furtar de suas obrigações para com os funcionários e também para com os clientes. O que está em risco é a vida das pessoas. Ficou evidente que as medidas preventivas para evitar a contaminação estavam sendo desrespeitadas. E me refiro às do próprio banco que são insuficientes”, afirmou a dirigente.
Rita acrescentou ser necessário adotar todas as medidas preventivas que a pandemia exige. “Não se trata de uma gripezinha, é uma doença que pode ser fatal”, enfatizou.

Falta de cuidado começou antes

Mas a série de equívocos começou bem antes. Logo no início, quando o gerente-geral foi afastado pelo médico por ter sintomas característicos da doença, o banco não comunicou aos funcionários o motivo do afastamento. Foram eles próprios atrás da informação, descobrindo que a motivação foi suspeita de contaminação pelo Covid-19. Esta sonegação expôs a todos, pois ficaram impedidos de solicitar afastamento por risco de contágio, como consta da instrução normativa do BB para estes casos.

Mas a falta de zelo, para dizer o mínimo, não parou por aí. O Sindicato descobriu que, além de todos estes ‘erros’ não foi feita a desinfecção, logo após o afastamento por orientação médica por suspeita de contaminação, exigida pela instrução normativa, mas apenas uma ‘higienização’, ou seja, uma limpeza no ambiente, medida inadequada e insuficiente. “Não há desculpa, o banco agiu com descaso”, criticou.

Rita lembrou que confirma este descaso o fato de sequer a instrução normativa do BB ter sido cumprida. “Uma instrução cujas normas, é preciso repetir, são insuficientes para evitar a disseminação da doença: não afasta a todos, como deveria acontecer, mas apenas os que trabalham a menos de dois metros do contaminado, deixando de levar em consideração que todos frequentam o mesmo ambiente e podem ter sido contaminados. E, mesmo os que trabalharem próximo, só podem solicitar afastamento após o exame ter dado positivo. No caso da agência Santa Cruz, a testagem do coronavírus só saiu dez dias depois, mantendo no local de trabalho, funcionários que podem ter sido contaminados pelo contato direto com o gestor, ou posteriormente, por terem sido mantidos na unidade. É tudo um absurdo que deveria ser revisto”, afirmou Rita Mota.

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