Segunda, 30 Julho 2018 19:03

Banco do Brasil ameaça reduzir prazo para descomissionamento e não avança na negociação

A direção do BB continua jogando duro na mesa de negociações. Sindicato convoca funcionalismo para fortalecer a mobilização A direção do BB continua jogando duro na mesa de negociações. Sindicato convoca funcionalismo para fortalecer a mobilização

Os temas tratados na quarta reunião de negociação da mesa específica do Banco do Brasil, da Campanha Nacional dos Bancários 2018, foram as cláusulas sociais e sindicais, envolvendo representação dos delegados e dirigentes sindicais. O BB sinalizou a renovação dos itens das cláusulas sociais já constantes no atual acordo, com promessa de apresentar redação de alguns itens já debatidos.

Piorando a GDP

O banco apresentou na mesa a proposta de reduzir para apenas um período avaliatório de Gestão de Desempenho Profissional (GDP) para o descomissionamento. A argumentação é que com um ciclo igualaria todos os funcionários com cargos comissionados. Mas a minuta reivindica três avaliações para todos. A minuta fixa, ainda, que será criado recurso na GDP, prevendo a exclusão de quaisquer anotações negativas, em caso de não terem sido cumpridas todas as fases do ciclo avaliatório (acordo, acompanhamento, conclusão etc) ou quando houver indício de vício de origem.

A Comissão de Empresa argumentou que a proposta traz mais insegurança para os funcionários, podendo facilitar as situações de assédio e perseguição. Os funcionários relataram que nas reuniões que os superintendentes vêm realizando em todo o país os gestores vêm sendo abertamente orientados a aumentar o número de anotações na GDP com o objetivo de facilitar os descomissionamentos.

“Tudo isso contraria a própria diretriz do BB sobre a GDP, que explica ter sido criada para ajudar no desenvolvimento profissional e não punir o funcionário”, lembra Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa. ”Na prática, observamos que muitos descomissionados não receberam qualquer feedback, nem orientações e condições sobre o que fazer para melhorar o seu desempenho”, frisou.

A Comissão de Empresa apresentou ao banco vários outros argumentos que mostram que a GDP não vem sendo seguida há muito tempo. Rita lembra que a GDP prevê a chamada “avaliação 360º”, feita por superiores, pares e subordinados. “Mas isto não vem sendo respeitado. São levadas em consideração apenas as do superior que fixa, ainda, uma nota mínima de corte com critério que ele próprio define. Esta prática faz com que GDP passe a ser apenas um artifício do banco para o descomissionamento”, criticou.

Outro argumento é que ao considerar apenas um ciclo o banco aumenta o risco de adoecimento, uma vez que os funcionários correm o risco de adiar inclusive ausências para tratamento de saúde, já que a pressão está mais alta o tempo todo.

Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa, a reunião não trouxe avanços e uma ainda um proposta de retrocesso, que é a mudança nos tempo para descomissionamentos por desempenho. "Com essa proposta o banco ratifica o fim da GDP segundo os próprios critérios e estudos feitos pela área de gestão de pessoas ao longo dos anos. O que queremos e falamos na reunião é que o banco aplique a GDP da forma como ela é concebida, o que não vem acontecendo. Somos contra essa alteração pois vai facilitar os acertos de conta, as ameaças e as perseguições", disse.  "Sobre os demais itens tratados, esperamos que o banco apresente avanços na próxima reunião, assim como uma proposta econômica que contemple o esforço dos funcionários no último período, completou. 

Cláusula de ausência

Um dos debates colocados foi de se avançar na cláusula de ausências, acrescentando as madrastas e padrastos. A argumentação da Comissão de Empresa para essa questão é que não se trata apenas de se ter um controle de quem é ou da quantidade de madrastas e padrastos, mas a do luto de um ente familiar, mesmo que não constante nos registros de nascimento.

Previdência

Sobre planos de previdência complementar, o banco informou que está tratando internamente sobre a proposta da minuta de melhoria dos planos de previdência patrocinados pelo banco e também envolvendo os funcionários de bancos incorporados. O BB adiantou na primeira mesa de negociação a possibilidade de revisão da fórmula PIP (Pontuação Individual do Participante) constante no regulamento da Previ.

Problemas nos pedidos de férias

Os representantes dos funcionários relataram os problemas que vêm acontecendo nas solicitações de férias, quando as cobranças de adiantamentos vêm antes do crédito. Os funcionários relataram que na prática é como se as pessoas pagassem para tirar férias.

O banco informou que os problemas decorrem da operacionalização do E-Social e que está discutindo internamente uma forma de amenizar os problemas apresentados pelos Sindicatos.

Parcelamento de férias

O banco apresentou a proposta de abrir a possibilidade de parcelamento de férias em três períodos, dentro das regras vigentes na legislação. Para este tema, o BB apresentará uma proposta de redação na mesa de negociação.

Pauta dos funcionários LGBTIQ

Os representantes dos funcionários debateram com o BB os pontos da pauta de reivindicações dos funcionários LGBTIQ elaborada no Congresso dos Funcionários, informando que a Comissão de Empresa da Contraf-CUT apoia a pauta desses funcionários apresentada diretamente em outras instâncias do BB as ações que vem sendo desenvolvidas para esse público. Ainda, que algumas questões envolvendo o nome social em todos os sistemas de identificação apresentem pequenos problemas.

O BB informou a existência de normativo específico e vai verificar os problemas. O banco disse que tem apoiado as ações e que foi o primeiro grande instituição financeiro brasileira a aderir aos padrões de conduta para empresas, criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) que contribui para demonstrar a clientes, funcionários e acionistas o apoio a pessoas LGBTIQ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexo e queer).

 

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