Segunda, 06 Abril 2020 21:17

Declaração do presidente do Banco do Brasil causa revolta no funcionalismo

Rubem Novaes disse que “ciência médica é tão imprecisa quanto a econômica” e é rebatido por pesquisadores

O Sindicato dos Bancários do Rio repudiou as declarações do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que afina o seu discurso ao do presidente do país, Jair Bolsonaro, contra a continuidade do isolamento social como medida de prevenção e combate ao coronavírus, contrariando as orientações de médicos, sanitaristas e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
‘A continuidade do isolamento social é fundamental para preservar a vida dos bancários, seus familiares e dos clientes. Como banco público, o BB tem um importante papel como instrumento de suporte aos impactos na economia. O Banco do Brasil não pode ir na contramão da história”, disse a diretora do Sindicato do Rio e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários, Rita Mota.
O presidente do BB voltou ao noticiário após declarar, em entrevista à Folha de S.Paulo, que “a ciência médica é tão ou mais imprecisa que a ciência econômica”. Novaes vem se posicionando contra o chamado lockdown (termo inglês para aplicação de um protocolo de emergência que impede que as pessoas saiam de suas áreas). No Brasil, alguns governadores e prefeitos estão tomando medidas de isolamento, entre cidades e estados, para conter a propagação da Covid-19.
As afirmações de Novaes repercutiram negativamente entre especialistas, tanto da área médica quanto em relação a economistas.
O economista Caio Momesso, formado pela Unicamp e mestre em Administração Pública e Governo pela FGV-EAESP, também considerou as declarações de Rubem Novaes desastrosas, como a de que a vida não tem “valor infinito”.
“É muito preocupante ver algumas autoridades, num momento em que mais precisamos da liderança delas, colocar uma falsa dicotomia entre economia e coronavírus. Várias pessoas estão se mobilizando, inclusive na economia, de diferentes matrizes de pensamento, conseguindo convergir para fazer propostas aos governadores. Essa convergência só é possível se a gente tem um chão ético mínimo para dialogar, algo que já é presente no campo da ciência”, destacou. Para o especialista, não fazer nada contra o aumento de casos no Brasil não evitará que a economia entre em colapso.

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