Segunda, 03 Fevereiro 2020 21:06

Banco do Brasil impõe reestruturação em prejuízo dos funcionários

Caiu como uma bomba sobre os funcionários do Banco do Brasil, neste dia 3, o anúncio de um plano de reestruturação, o ‘Programa Performa: Desempenho e Reconhecimento’. Entre outras medidas, reduz o valor das funções gratificadas e amplia a abrangência do Programa de Desempenho Gratificado (PDG), uma verba variável, que visa ‘premiar pela performance’ 40% do funcionalismo, deixando 60% de fora.
Imposto, sem negociação ou prévia comunicação à Comissão de Empresa dos Funcionários e sindicatos, o ‘Performa‘ segue a lógica do presidente do BB, Rubem Novaes, de que é preciso adequar o banco à realidade do mercado, reduzindo a remuneração na base para ampliá-la nos cargos mais altos. O objetivo desta política seria ‘pagar salários maiores para atrair e reter talentos’.
No comunicado de divulgação do Performa, o banco afirma que não haverá redução salarial, mas em seguida afirma que “revisou os valores (das funções) identificados como acima da média do mercado”. Para adocicar a mudança, criou uma Verba Temporária de Remuneração de Função (VTRF), que mantém o valor da remuneração, como verba em caráter pessoal. O artifício é claro: fazer com que os que passarem a ganhar a função, recebam-na já com menor valor.
Conversa fiada
Cobrada, a direção do BB, através dos seus negociadores, reuniu-se em vídeo conferência com a Comissão de Empresa na tarde desta segunda-feira, dia 3, para explicar o novo modelo já implantado. Disseram que o banco precisava ‘se reinventar’ para ‘reforçar a competividade e se alinhar os modelos de retribuição às melhores do mercado’. Pelo Sindicato participaram o diretor Roberto André e a assessora da entidade, Fernanda Carisio. Roberto André adiantou que o Sindicato está verificando junto ao Jurídico a possibilidade de medidas judiciais contra os prejuízos causados pelo plano. Roberto alertou também para as alterações na avaliação de desempenho.
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, afirmou que ‘se for preciso, estamos preparados para a luta. Não vamos abrir mão direitos adquiridos, como a gratificação de função e de outras conquistas que venham a ser ameaçadas’.
O coordenador da Comissão de Empresa, João Fukunaga ironizou: “Se fosse verdade que todos os funcionários sairiam ganhando, seria a primeira vez na história que uma empresa que quer reduzir custos com o pessoal buscaria promover tal redução aumentando a remuneração de seus funcionários”. E acrescentou: “Basta analisar as medidas da atual gestão para vermos que essa não é a verdade. O que a medida quer promover é a redução dos salários. Pelas falas do presidente do BB, a impressão que se tem é que os únicos que terão aumentos serão os altos executivos, que são cargos de confiança nomeados pelo governo e foram indicados pelo mercado financeiro”.

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