Quarta, 05 Novembro 2025 18:19
BANCÁRIOS DENUNCIAM

Banco do Brasil dá mau exemplo e segue lógica do setor privado ao adoecer bancários

Sindicato cobra, em mais um Dia Nacional de Luta, o fim das metas abusivas, respeito à jornada de trabalho e avanços no custeio da Cassi
A atividade do Dia Nacional de Luta do Banco do Brasil no Sedan, Centro do Rio de Janeiro, contou com a presença e solidariedade do dirigente sindical argentino, Sergio Garzón Torres A atividade do Dia Nacional de Luta do Banco do Brasil no Sedan, Centro do Rio de Janeiro, contou com a presença e solidariedade do dirigente sindical argentino, Sergio Garzón Torres Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro realizou, nesta quarta-feira (5), manifestação pelo Dia Nacional de Luta. Após conquistar avanços com a mobilização do último dia 22 de outubro, a direção do Banco do Brasil reabriu o diálogo com a Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), em reunião realizada no dia 29/10. Na ocasião, o banco atendeu a duas importantes reivindicações da categoria: o restabelecimento das substituições remuneradas e a liberação de férias nos meses de novembro e dezembro. 

Nesta nova jornada de mobilização nacional, os sindicatos cobraram melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas — apontadas como causa do adoecimento crescente entre os bancários — e o respeito à jornada de seis horas prevista na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Também está na pauta a negociação sobre o custeio da Cassi, plano de saúde dos funcionários do Banco do Brasil.

“O mote do Dia Nacional de Luta é ‘A nossa meta é o respeito’. Enquanto não houver respeito com os funcionários na empresa, não houver condições dignas de trabalho, não há como a gente viver bem como era no BB antigamente. Queremos restituir o diálogo com a diretora do banco”, disse o diretor de Bancos Públicos do Sindicato e membro da CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários) Alexandre Batista, cobrando do banco novos avanços. 

O dirigente sindical lembrou ainda que o movimento sindical conseguiu, em Brasília, a adesão dos deputados federais Reimont (PT-RJ), Érika KoKay (PT-DF), Lindberg Farias (PT-RJ), Tadeu Neves (PT-PR) e Vicentinho (PT-SP).

Adoecimento dos funcionários

O Sindicato do Rio promoveu novo ato em frente ao Sedan, na portaria da Rua Lélio Gama, e voltou a denunciar o adoecimento dos trabalhadores provocado pela pressão constante por resultados e pelo modelo de gestão adotado pela atual direção do banco, que, segundo a entidade, reproduz práticas típicas do setor privado.

“Infelizmente, hoje o Banco do Brasil, na prática, não se diferencia muito dos bancos privados. A presidenta do BB não fecha agências e já acha que isso já é  'uma grande coisa'. Como o principal acionista do banco é o governo, ele deveria dar o exemplo de como uma empresa pública deve atuar”, criticou o diretor do Sindicato Júlio Castro. 

“O mercado lucra com a exploração do trabalhador. É muito grande o número de funcionários adoecidos. O lucro do BB tem batido recordes nos últimos anos, mas os salários não acompanham esse crescimento. Precisamos alertar a sociedade: o banco está lucrando à custa da saúde dos trabalhadores, com metas que aumentam continuamente”, acrescentou Júlio.

A diretora do Sindicato Rita Mota reforçou que o modelo de gestão do BB adoece física e psicologicamente os bancários. “Apesar de o banco ter avançado em temas como diversidade e oportunidades, é urgente mudar aquilo que afeta todo o funcionalismo: a violência organizacional. Os números de afastamentos pelo INSS comprovam o adoecimento da categoria. É preciso transformar esse modelo para que o BB volte a ser uma empresa exemplar e referência positiva no setor financeiro”, afirmou Rita.

Solidariedade internacional

Durante a atividade do Sindicato no Sedan-BB, o funcionalismo contou com a presença e solidariedade de Sergio Garzón Torres, do Conselho Diretivo da Associação Bancária, da Argentina e empregado do Banco da Patagônia, que foi incorporado ao Banco do Brasil. 

“Hoje foi uma honra pessoal para mim junto com os companheiros, que têm os mesmos valores de luta [ em defesa] dos trabalhadores. Vocês falam corretamente sobre a responsabilidade social que as empresas devem ter na prática. Todos devemos ser responsáveis perante a sociedade no dia a dia. O banco tem primeiro que se empenhar em favor de seus trabalhadores e trabalhadoras e, em seguida, praticar a sua responsabilidade enquanto empresa [na sociedade]. Estamos juntos com vocês”, explicou o dirigente sindical argentino. 

 

 

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