Quarta, 14 Agosto 2024 17:22

BB dá respostas insatisfatórias na sétima rodada de negociação do acordo específico

Negociação não teve grandes avanços. Foto: Willy Roberto. Imagem tratada por Nando Neves. Negociação não teve grandes avanços. Foto: Willy Roberto. Imagem tratada por Nando Neves.

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

O Banco do Brasil apresentou, nesta quarta-feira (14), em São Paulo, respostas a algumas das reivindicações da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) durante a sétima rodada de negociação específica da Campanha Nacional 2024, como parte dos debater para a renovação do acordo coletivo de trabalho específico. No entanto, geraram grandes frustrações por serem insatisfatórias.

Entre os temas discutidos estavam o assédio moral e a desconexão. O banco propôs a utilização de uma nova ferramenta, chamada Slack, que teria controle de jornada e salvamento de conversas, substituindo o uso do WhatsApp para questões de trabalho, que será proibido.

A próxima reunião foi marcada para o dia 22 de agosto, às 15h, em Brasília.

Horas negativas – Outro ponto abordado foi o banco de horas negativas adquiridas durante a pandemia da covid. Para Rita Mota, da CEBB e diretora do Sindicato dos Bancários e Financiários do Rio de Janeiro, não existe o menor sentido em manter a compensação de quem, por conta da pandemia, foi obrigado a permanecer em casa para não se contaminar.

Como proposta, o Banco do Brasil sugeriu anistiar as horas de quem tem mais de 60 anos e pais com filhos com deficiência que possuem redução de jornada, além de iniciar um programa de incentivo ao pagamento das horas restantes.

A comissão reforçou o pedido de anistia a todos os funcionários. “Nós não queremos chegar em maio do ano que vem e termos de debater este tema novamente. Está na hora de deixarmos a pandemia para trás”, afirmou o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga Jr.

O que mostram os números – Atualmente, 5.233 funcionários ainda possuem horas devedoras. Desses, 4.707 têm até 360 horas negativas, algo que, segundo o banco, seria possível de zerar até o prazo estabelecido, em maio de 2025. No entanto, 566 funcionários enfrentam uma situação mais complicada, com uma média de 1.034 horas devedoras, sendo que 239 destes têm mais de 60 anos de idade.

PLR e Performa – Sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o banco negou a possibilidade de eliminar o teto existente, frustrando uma das expectativas dos funcionários. Em relação à revisão de cargos, o banco ainda não deu nenhuma devolutiva, alegando que a questão ainda está em debate interno.

A comissão também cobrou um retorno sobre o programa Perfoma, plano de cargos e salários, e a respeito das metas impostas aos funcionários. "A rede de varejo continua nos cobrando muito, pois os funcionários continuam adoecendo com essa cobrança enlouquecedora por vendas. Era importante a gente sair daqui com um retorno," destacou a coordenadora da CEBB, Fernanda Lopes.

Plano de Cargos e Salários – Rita Mota, disse que uma questão muito importante para atender às demandas do funcionalismo do BB é a apresentação de um Plano de Cargos e Salários que elimine os efeitos do Performa. “O Performa, além de achatar a folha de pagamentos, com a redução do valor das funções (no caso de progressão), também reduz contribuições para a Cassi e a Previ. E também do Fundo de Garantia (por Tempo de Serviço – FGTS), uma vez que a remuneração passa a ser menor no momento da ascensão do que seria anteriormente”, disse.

Argumentou ser fundamental ter um PCS condizente com a nova realidade e o novo contexto. “Naquele contexto (2022, época da criação do Performa, durante o governo Bolsonaro) havia uma preparação para a privatização do banco, através da redução da estrutura e da folha de pessoal, para facilitar o processo de entrega do BB. Porém o momento é completamente diferente. Além disto, o banco tem alcançado lucros cada vez maiores, tendo todas as condições de corrigir esta distorção criada pelo Performa”, sustentou.

Rita defendeu a revisão do modelo de gestão. “Ainda que o banco tenha apresentado algumas medidas que foram avanços, não surtiram os efeitos desejados na ponta”, numa referência à necessidade de revisão das metas de pontuação e fim do assédio, o que não aconteceu e que está levando ao crescimento do número de adoecimentos psíquicos.

Incorporados – Outro ponto que ficou sem resposta foi a questão da saúde e previdência dos incorporados, assim como a reposição de funcionários após o desmonte que o Banco do Brasil sofreu nos últimos governos federais. A comissão também ressaltou a importância da ampliação da licença parentalidade. "A gente esperava sinalizações positivas para que avançássemos para a renovação do acordo," concluiu Fernanda.

Durante a reunião, o banco também anunciou que os funcionários da rede, agências e escritórios serão migrados gradualmente para uma nova plataforma digital de concorrência a partir desta quinta-feira (15), deixando o sistema antigo obsoleto. “Consideramos positiva a migração do TAO para o DIGITAO, pois garante maior transparência nos processos de concorrência e ascensão", afirmou Fernanda. Rita observou que os funcionários terão que se reinscrever no processo de concorrência. 

Mídia