Sábado, 28 Outubro 2023 17:07

Engenheira de produção diz que mulheres negras precisam acreditar em seus próprios méritos

Gisele Santos relata como refez seus planos de vida profissional e diz que a realização pessoal está ao alcance de todos e todas
Gisele Santos contou seu relato pessoal na carreira e disse que é preciso "entrar com o pé na porta" para superar o racismo estrutural Gisele Santos contou seu relato pessoal na carreira e disse que é preciso "entrar com o pé na porta" para superar o racismo estrutural Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A engenheira de produção,  escritora e estrategista de carreira Gisele Santos, que trabalhou durante 12 anos na Rede Globo falou, na mesa sobre "Gestão de Carreiras", de uma metodologia para superação da “síndrome do impostor”, que é quando o indivíduo não acredita em seus próprios méritos, o que acontece principalmente com as mulheres.

Agora precisamos de uma pesquisa que identifique quantas dessas mulheres que sofrem da ‘síndrome do impostor’ são negras”, opinou.

 

Planos de vida

 

Gisele relatou que funcionários brancos tentavam humilhá-la mandando ela servir cafezinho numa reunião da empresa, perguntando se ela era terceirizada e que isso não a desaminou de realizar seus planos de vida.

Faça uma lista com 20 perguntas sobre você, se a profissão que você deixou de lado não teria te feito mais feliz, se pretende ascender no banco. Não adianta dizer que acorda muito cedo, que não tem tempo, desenvolva seu autoconhecimento e realize seus projetos”, aconselhou.

Falo muito com meus alunos que querem fazer currículos, eu primeiro pergunto a eles se sabem o que querem e o que pretendem fazer daqui a cinco, dez, quinze anos, por exemplo”, disse, mostrando a importância de um planejamento como a primeira etapa para a realização pessoal e profissional.

 

Multifacetados

 

Gisele falou ainda da importância de ser, especialmente as mulheres negras que enfrentam o racismo estrutural, como um “canivete suiço”, ou seja, realizar muitas coisas ao mesmo tempo,

Falamos de saúde mental e é doloroso dizer que você vai trabalhar somente no banco, isso é extremamente doloroso se não é isso que você quer. É preciso ser uma pessoa multifacetada. Sou professora, instrutora de liderança. Há pessoas que gostam de muitas coisas, que têm muitas habilidades Todo mundo tem uma história, uma jornada para contar e pode transmitir isso para outros nas comunidades. Para a realização é preciso descobrir ferramentas, recursos e pessoas para você galgar um novo patamar na empresa e é preciso que você comece a listar coisas que você pode fazer”, aconselhou a especialista. Defendeu ainda que é necessário que cada pessoa revise seu plano profissional e ver se ainda a atual carreira faz sentido para cada um. “Replaneje a sua trajetória, mude de curso, de faculdade.

Sim, eu sou capaz de vencer.”, afirmou, citando a sua promoção depois de ser formada, chegando a analista júnior e trabalhando 12 anos na TV Globo.

Em seguida houve uma estagnação profissional, pois eu novamente sofri racismo. Brancos chegavam à empresa e já ocupavam o cargo que eu almejava, o que me levou a deixar o emprego em plena pandemia, em 2021”, declarou, dizendo que já tinha um plano bem estruturado para poder sair da Globo. 

Editei meu livro, ministrei cursos.Tenho hoje mais de 487 alunos, em 13 países levando treinamento”, acrescentou, mostrando que o racismo não pode fazer com que trabalhadores negros e negras desistam de seus sonhos.

Não desistam de seu plano de carreira, façam seu próprio plano e entrem com o pé na porta”, ressaltou.

Mostrem quem são vocês de verdade, participem de eventos como este, de comunidades. É possível se desenvolver, tanto dentro do BB como fora”, motivou.

 

O papel social do BB

 

O diretor de Dinamização do Ramo Financeiro do Sindicato do Rio, Júlio Cesar Ferreira, deu como exemplo histórico da importância de luta coletiva contra o racismo, os quilombos.

Nós temos que incomodar e lutar para que o BB seja uma empresa verdadeiramente pública e brasileira,. Temos que nos indignar. A ideia era provar que é possível negros e negras viverem e trabalharem livremente e era isso que incomodava a sociedade. Cada negro que está sendo preso, assassinado, o Banco do Brasil tem que ter responsabilidade e vermos o que a instituição pode fazer para mudar essa sociedade”, afirmou Júlio. 

 

 

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