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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Na segunda mesa de debates do 1º Encontro do BB Black Power, um dos temas tratados foi o do letramento racial. O palestrante, o professor Phelipe Malizia, classificou o termo como relativamente jovem, por isto mesmo, importante de ser compreendido. Consiste no uso da cultura, da leitura, para desmontar o que nos foi ensinado e que estabelece como natural a supremacia branca sobre a população negra.
“Mas pode ser feito não apenas através de livros. O samba foi fundamental para o meu letramento, porque fala do negro de forma positiva, formando o meu pensamento e meu conhecimento. Escutei Festa para um Rei Negro, do Salgueiro, e cresci tendo a certeza de que um rei negro é bonito. Não tem receita de bolo para o letramento racial, mas há muitos autores negros importantes, com livros premiados, como Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, tem muita gente que não conhece o legado de Lélia e sua importância para entender o processo racial, para não falar de Maria Firmina, a primeira romancista brasileira e negra”, exemplificou.
Acrescentou ser de fundamental importância conhecer a norma culta para através dela subverter o que nos é ensinado. “Temos que conhecer bem a língua portuguesa, estudar, nos formar, ir para a universidade, o que vai nos permitir descobrir individualidades que também são importantes para a desconstrução do que nos é ensinado e para a nossa formação racial”, constatou.
Frisou que a pessoa pode se letrar racialmente também através das artes plásticas, com as obras de Heitor dos Prazeres, Nelson Sargento, que além de poetas e compositores eram pintores. “A gente pode entender a nossa sociedade, ainda, através do geógrafo e pensador Milton Santos, mas também de Mano Brown e de Cruz e Souza. O letramento vai nos permitir pensar a vida brasileira por outros códigos que não aqueles estabelecidos hegemonicamente como verdade”, argumentou.