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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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“A realização deste encontro é histórica e importante para garantir mudanças para quem já está no banco, mas também para que negros e negras que virão não enfrentem as mesmas dificuldades que nós no Banco do Brasil, como problemas em determinadas unidades em função da cor da pele, ou ser preterido numa promoção sob a alegação de que ‘não estamos preparados’. Temos esta responsabilidade e este compromisso”. A afirmação foi feita por Kelly Quirino, na manhã deste sábado, na abertura do 1º Encontro do BB Black Power, evento que reúne negros e negras de vários estados do país, no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.
Participaram também da abertura José Ferreira, presidente do Sindicato e Almir Aguiar, diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT. Kelly lembrou ser a primeira mulher negra eleita representante dos funcionários no Conselho de Administração da instituição (Caref) e a importância que este fato tem para fazer avançar pautas que garantam a igualdade no BB. “A eleição de uma mulher negra, no primeiro turno com uma votação expressiva, 19 mil votos, abre caminho para mais mudanças em relação à realidade que vivemos”, acrescentou.
Como se chegou ao 1º Encontro
Lembrou que as dificuldades enfrentadas por negros e negras levou funcionários a criar em 2017 um grupo de Whatsapp o BB Black Power, que se fortaleceu, principalmente a partir do ano seguinte. A mudança recente de governo fez com que se começasse a pensar na realização de um encontro presencial para que todos pudessem se conhecer melhor e traçar planos a serem entregues à diretoria do banco, com o objetivo de combater a discriminação no BB.
“São cinco anos de existência do BB Black. No fim do ano passado éramos mais de 500 pessoas no grupo. Fui eleita e tomei posse em maio, após uma campanha vitoriosa na qual este coletivo teve uma participação importante. Agora, estamos aqui para aprovar ações afirmativas a serem entregues à diretoria do banco, comandado pela presidenta Tarciana Medeiros e garantir que o BB não seja uma instituição racista. Este é um momento histórico”, afirmou.
Lembrou da responsabilidade dos negros e negras do BB também para mudanças na sociedade. “Conseguir com muita luta entrar no banco foi bom para cada um de nós e nossas famílias. Mas nos deu também a responsabilidade de lutar para garantir que os que vão entrar não enfrentem as mesmas dificuldades que nós e por avanços em toda a sociedade”, afirmou.
Sindicato saúda Encontro
Pouco antes do discurso de Kelly, José Ferreira saudou a realização do 1º Encontro, que classificou como histórico para os bancários, entidade que já teve dois presidentes negros, Cyro Garcia, e, mais recentemente, Almir Aguiar. Disse que o combate ao racismo é uma das principais lutas da categoria que conquistou em suas campanhas salariais a inclusão de cláusulas de combate à discriminação e de igualdade de oportunidades. “Mas ainda há muito que avançar, não só no sistema financeiro, como em toda a sociedade”, frisou.
Almir Aguiar lembrou que o racismo faz com que seja reduzida a presença de negros e negras nos bancos. “Uma de nossas lutas, portanto, é pela maior contração de negros e negras, tanto nas instituições financeiras privadas, quanto nas públicas, e isto será feito dando maior visibilidade a esta realidade, mas também combatendo o racismo presente em toda a sociedade, já que é estrutural”, lembrou.
Disse que o racismo tem que ser combatido já nas escolas, garantindo que as crianças entendam a importância da presença negra para a construção do país e da necessidade da reparação pelo crime da escravidão que sequestrou milhares de africanos e os trouxe para outros países, entre eles, o Brasil. Acrescentou que também o Banco do Brasil financiou a compra de pessoas negras sequestradas de seus lares em países africanos aos milhões.
“O Ministério Público Federal moveu ação civil pública para que o BB apresente explicações sobre a sua participação no fomento à escravidão. O objetivo é cobrar reparação pela conivência do banco”, disse.
I Encontro Nacional do BB Black Power
Programação
Sábado
8 horas – Cadastramento
8h15 – Café da manhã.
9 horas – Abertura do evento, com a presença da Caref, Kelly Quirino.
10h30 – Mesa 1
“Colorismo” – Marcele Oliver, escritora e ativista, idealizadora do Projeto Avança Nega.
“Letramento racial” – Phelipe Malizia, educador.
11h30 – Mesa 2
“Saúde da população negra” – Alessandra Nzinga, doutoranda em Ciências Sociais pela UFRRJ; e Soninha Nascimento, educadora popular e integrante do Conselho Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
12h30 – Mesa 3
“Carreira preta” – Gilvan Nascimento, especialista em inteligência comercial e mercado financeiro.
“Gestão de carreira” – Gisele Santos, escritora e estrategista de carreira.
13h30 – Almoço
15 horas – Mesa temática
Com os funcionários Moab Teodósio, Patrícia Marins Rosa, Gustavo Alves e Luanda Melo.
17 horas – Deliberações e formulação de propostas a serem apresentadas ao BB
18h30 – Confraternização
Domingo pela manhã – Circuito Histórico Herança Africana (passeio guiado)
12h30 – Almoço em restaurante de culinária africana.